quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Advento - caminho espiritual 2012


Caminho espiritual – Advento 2012
Advento, em latim adventos, significa, no sentido cristão, o dia da visita, o dia do Senhor. Assim, o tempo do advento tem como característica a preparação. Primeiro, para a comunicação da primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, e, em segundo, a preparação dos corações para a expectativa da segunda visita do Senhor no fim dos tempos. Por isso que se pode entender o sentido do advento como “fim” quanto “começo”, segundo a Ione Buyst. O tempo do advento convida a avaliar a realidade da vida, do caminho cristão e perceber qual o tempo que se está dedicando a Deus, para que no final deste tempo se possa proclamar como fez o salmista: “minha alma aguarda o Senhor mais que os guardas pela aurora” (Sl 130,6).




Primeiro Domingo do Advento – 02/12


 Evangelho
Lc, 21, 25-28.34-36

25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 26 Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 27 Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 28 Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. 34 Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. 35 Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. 36 Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem.

Reflexão / comentário
O advento é um convite a meditar sobre o milagre da vinda do Senhor, a encarnação do Menino Deus. Cristo é o nosso Salvador, que nos conhece por inteiro, toca o nosso coração e nos quer preparar para a sua constante vinda. É Aquele que espera de cada um de nós uma atitude de vigilância e de esperança. Se nos momentos de turbulências o nosso coração, o nosso amor a vida e a Deus, são abalados, é um sinal que precisamos fortalecê-lo um pouco mais na graça, na escuta e na caridade de Deus. Se a nossa vida for alicerçada na fé, na caridade e na santidade, resistiremos entusiasmados na construção dinâmica  do Reino.

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Escutar


Concílio vaticano II
“Com efeito, o próprio Verbo de Deus, por quem tudo foi feito, fez-se homem, para, homem perfeito, a todos salvar e tudo recapitular. O Senhor é o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e da civilização, o centro do género humano, a alegria de todos os corações e a plenitude das suas aspirações (25). Foi Ele que o Pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, estabelecendo-o juiz dos vivos e dos mortos. Vivificados e reunidos no seu Espírito, caminhamos em direcção à consumação da história humana, a qual corresponde plenamente ao seu desígnio de amor: «recapitular todas as coisas em Cristo, tanto as do céu como as da terra» (Ef. 1,10)”. (GAUDIUM ET SPES, 45 )

Oração
Ó Deus todo-poderoso, concedei-nos a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Liturgia das Horas, Primeiro Domingo do Advento, p. 117)



Segundo Domingo do Advento – 09/12

Evangelho
Lc 3,1-6

1 No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca da Abilina, 2 sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias. 3 Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados, 4 como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías (40,3ss.): Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. 5 Todo vale será aterrado, e todo monte e outeiro serão arrasados; tornar-se-á direito o que estiver torto, e os caminhos escabrosos serão aplainados. 6 Todo homem verá a salvação de Deus.




Reflexao / comentário
A história da salvação adentra, caminha e transforma a história humana. Esta é a impressão que temos ao meditar este trecho bíblico de Lucas. Esta salvação é, primeiramente, experimentada por João Batista no deserto. É no deserto que conseguiremos nos desapegar das preocupações que não deixam encontrar o Menino. Olhando o deserto, seja como espaço geográfico, seja como espaço espiritual, percebemos o seu significado ligado ao silêncio, luta contra as próprias vontades e aos inimigos da alma, escuta atenta a Palavra de Deus e um convite para fixar o nossos olhos em Jesus. João nos ensina a ter afeto, a amar o deserto, para depois poder ressoar a Palavra, para que a nossa vida possa tornar-se a voz de uma palavra: Cristo.

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Desapegar


Concílio vaticano II
“Deus, criando e conservando todas as coisas pelo Verbo (cfr. Jo. 1,3), oferece aos homens um testemunho perene de Si mesmo na criação (cfr. Rom. 1, 1-20) e, além disso, decidindo abrir o caminho da salvação sobrenatural, manifestou-se a Si mesmo, desde o princípio, aos nossos primeiros pais. Depois da sua queda, com a promessa de redenção, deu-lhes a esperança da salvação (cfr. Gén. 3,15), e cuidou contìnuamente do género humano, para dar a vida eterna a todos aqueles que, perseverando na prática das boas obras, procuram a salvação (cfr. Rom. 2, 6-7). No devido tempo chamou Abraão, para fazer dele pai dum grande povo (cfr. Gén. 12,2), povo que, depois dos patriarcas, ele instruiu, por meio de Moisés e dos profetas, para que o reconhecessem como único Deus vivo e verdadeiro, pai providente e juiz justo, e para que esperassem o Salvador prometido; assim preparou Deus através dos tempos o caminho ao Evangelho.” (DEI VERBUM, 3)


Oração
Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Liturgia das Horas, Segundo Domingo do Advento, p. 171)



Terceiro Domingo do Advento – 16/12


 Evangelho
Lc 3,10-18

10 Perguntava-lhe a multidão: Que devemos fazer? 11 Ele respondia: Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo. 12 Também publicanos vieram para ser batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que devemos fazer? 13 Ele lhes respondeu: Não exijais mais do que vos foi ordenado. 14 Do mesmo modo, os soldados lhe perguntavam: E nós, que devemos fazer? Respondeu-lhes: Não pratiqueis violência nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo. 15 Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo, 16 ele tomou a palavra, dizendo a todos: Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 17 Ele tem a pá na mão e limpará a sua eira, e recolherá o trigo ao seu celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível. 18 É assim que ele anunciava ao povo a boa nova, e dirigia-lhe ainda muitas outras exortações.

Reflexao / comentário
“O que devemos fazer?” Esta é a pergunta que motiva o discurso ético na pregação de João Batista e também deve ser a pergunta que deve nortear o nosso caminho humano-espiritual neste período do Advento. A Palavra de Deus nos convida a alegrar-nos no testemunho cristão. A nossa alegria só será verdadeira se nascer de uma experiência de relações alicerçadas na justiça, na paz, na dignidade, na alteridade, na comunhão com Senhor Jesus, na conversão do coração e da vida, do viver sóbrio, para não deixar escapar a lógica do consumismo e do desperdício, e no esforço de encontrar a medida – atitude justa para cada pessoa que encontramos e convivemos.


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Concílio vaticano II
“Não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior. É que os anseios de unidade nascem e amadurecem a partir da renovação da mente (24), da abnegação de si mesmo e da libérrima efusão da caridade. Por isso, devemos implorar do Espírito divino a graça da sincera abnegação, humildade e mansidão em servir, e da fraterna generosidade para com os outros. «Portanto - diz o Apóstolo das gentes - eu, prisioneiro no Senhor, vos rogo que vivais de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com paciência, suportando-vos uns aos outros em caridade, e esforçando-vos solicitamente por conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz» (Ef. 4, 1-3).” (UNITATIS REDINTEGRATIO, 7)


Oração
Ó Deus de bondade, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o natal do Senhor, dai-nos chegar às alegrias da Salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Liturgia das Horas, Terceiro Domingo do Advento, p. 227)


  

Quarto Domingo do Advento – 23/12




Evangelho
Lc 1,39-46

39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. 45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!

Reflexao / comentário
Lucas dá uma atenção especial a visita de Maria a sua prima Isabel. Neste encontro de duas mães, de duas crianças, temos um gesto, uma atitude de acolhida. Maria é acolhida por Isabel com alegria, assim também é Jesus acolhido por João Batista, o qual pula e festeja no ventre materno a visita do Salvador. Maria e Isabel partilham, com alegria, o que Deus está realizando em suas vidas. Elas nos ensinam a acolher a realização de Deus: “Eis que venho, ó Senhor, para fazer a tua vontade” (Sl 39,7ss).

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Concílio vaticano II
“Mas o Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara para mãe, precedesse a encarnação, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher contribuisse para a vida. É o que se verifica de modo sublime na Mãe de Jesus, dando à luz do mundo a própria Vida, que tudo renova. Deus adornou-a com dons dignos de uma tão grande missão; e, por isso, não é de admirar que os santos Padres chamem com frequência à Mãe de Deus «toda santa» e «imune de toda a mancha de pecado», visto que o próprio Espírito Santo a modelou e d'Ela fez uma nova criatura (175). Enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores duma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saudada pelo Anjo, da parte de Deus, como «cheia de graça» (cfr. Luc. 1,28); e responde ao mensageiro celeste: «eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Luc. 1,38). Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele, servindo pela graça de Deus omnipotente o mistério da Redenção. por isso, consideram com razão os santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens.” (LUMEN GENTIUM, 56)


Oração
Derramai ó Deus a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do Anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Liturgia das Horas, Quarto Domingo do Advento, p. 273).





Maran atha!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

VocaVida 2012

A PJV e o Setor Juventude da Paróquia Nossa Senhora Aparecida Jandira - SP, organizaram no dia 05 de Agosto um encontro para a juventude. Este encontro teve como Tema: Viver a vida. A escolha é sua!
O encontro contou com a presença de muitos jovens, de uma abençoada equipe de trabalho, com as irmãs e os padres da Congregação da Sagrada Família de Bérgamo, com a Banda da Paróquia de São Francisco, com o DJ Carlos e muito mais.

Obrigado a todos pela presença. Valeu juventude!!!!

domingo, 11 de março de 2012

Viver





Viver é engraçado:
Tem dias que todo o meu ser se debruça num temporal interminável;
Tem dias que o meu sorriso agarra os quatro cantos do universo.
Cores tão vivas,
Calor tão louco,
Música tão penetrante,
Sonhos pulsantes.
Deus aqui habita!
Busco o mais lindo do hoje, e não quero pensar no amanhã. O amanhã será o prêmio daquilo que se vive bem no agora.
Amo apaixonadamente viver!!!


DJV2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012


Quaresma




Quaresma é um tempo no qual procuramos fazer tudo melhor que em qualquer outra época. Com a Quaresma, Deus deseja não só o coração humano, mas toda a Terra. Deseja preparar-nos e preparar o mundo todo para a Páscoa, a fim de que renasça a vida que Deus concebeu para nós, desde o começo.
A quaresma convida-nos a unir mais uma vez os nossos corações a Deus de maneira mais consciente, e a viver nosso dia-a-dia baseado em Deus. Assim, queremos fazer um percurso neste temo litúrgico tão singelo e rico. Esse percurso será traçado em seis etapas. Essas etapas estão presentes de forma mais detalhadas no livro do Monge Anselm Grüm intitulado “Viver a Páscoa”. Aqui traremos apenas uma simples síntese.


Quaresma é:



1. Tempo de PENITÊNCIA



A palavra penitencia, apesar de algumas vezes evocar um significado negativo, ela pode ser compreendida como ‘melhorar’, ‘fazer melhor’, ‘reparar’, ‘reconstruir’, ‘curar’. A tradição da Igreja descreveu como penitencia as coisas que podemos fazer para que a Páscoa aconteça. Penitencia consiste em que vivamos nossa vida de maneira mais atenta e mais cuidadosa, em que falamos nosso trabalho melhor do que em qualquer outra época e rezemos mais intensamente; em que cuidemos melhor de nossos relacionamentos humanos.


Livro: GRÜM, Anselm. Viver a Páscoa. São Paulo, Loyola, 2003.

sábado, 11 de fevereiro de 2012



Logomarca oficial da JMJ Rio2013











Conceito


Com base no trecho da Palavra do Evangelho de São Mateus, percebe-se a necessidade de expressar uma referência direta à imagem de Jesus e ao sentido do discípulo. Neste episódio, Jesus se encontrou com seus discípulos em uma montanha, após sua ressurreição. Como símbolo da cidade do Rio de Janeiro, o Cristo Redentor também se encontra em uma montanha e é um monumento reconhecido no mundo inteiro. O tema é uma palavra de ordem proclamada pelo próprio Senhor Jesus, e assim a Sua imagem possui destaque no centro do símbolo.
Os elementos do símbolo formam a imagem de um coração. Na fé dos povos o coração assumiu papel central, assim como o Brasil será o centro da juventude na Jornada Mundial. Também designa o homem interno por inteiro, se tornando nesta composição a referência aos discípulos que possuem Jesus em seus corações.
Os braços do Cristo Redentor ultrapassam a figura do coração, como o abraço acolhedor de Deus aos povos e jovens que estarão no Brasil. Representa nossa acolhida, como povo de coração generoso e hospitaleiro.
A parte superior (em verde) foi inspirada nos traços do Pão de Açúcar, símbolo universal da cidade do Rio de Janeiro, e a cruz contida nela reforça o sentido do território brasileiro conhecido por Terra de Santa Cruz. As formas que finalizam a imagem do coração possuem a cor azul, representando o litoral, somada ao verde e amarelo que transmitem a brasilidade das cores da bandeira nacional.



domingo, 5 de fevereiro de 2012

A força dos três pilares da educação



http://www.profissaomestre.com.br/view/action/visualizarColunista.php?cod=261
Artigo publicado em 13/01/2012 - 05/02/2012






Quando se trata do processo pedagógico, uma das questões que merecem a atenção dos professores e dos estudiosos do tema refere-se aos pilares da educação. São as habilidades cognitiva, social e emocional que permitem a formação integral do ser humano, e que, por isso, não devem ser dissociadas umas das outras.
A primeira habilidade, a cognitiva, consiste em absorver o conhecimento e em trabalhá-lo de forma eficiente. Falar em habilidade cognitiva significa falar em seleção de conteúdos, adequados e significativos a cada nível escolar.
Sendo a habilidade mais importante que o conteúdo no processo de aprendizagem, um fator que contribui decisivamente nesse processo é a dimensão interdisciplinar – ou, até mesmo, a transdisciplinar. Sob o enfoque da interdisciplinaridade, o conhecimento não é compartimento; as disciplinas conversam entre si.
O segundo pilar da educação, a habilidade social, ganha cada vez mais importância em um cenário onde os desafios são constantes. Enfrentá-los sem se machucar e machucando o mínimo possível – além de estar preparado para conviver socialmente, para competir com dignidade, para abandonar o barco, se necessário for, por sentir que há novos mares a serem navegados – mostra-se necessário.
Outro aspecto da dimensão social é a convivência em uma sociedade plural. Vivemos num mundo de incluídos e excluídos; num mundo absolutamente desigual, em que pais bem-sucedidos tentam poupar os filhos das atrocidades a que são fadados os miseráveis. Mas a verdade é que é preciso prepará-los para a vida, para a convivência com as diferenças.
A escola também tem de preparar os jovens nesse sentido. É importante que alunos diferentes convivam num mesmo espaço, sendo acolhidos e estimulados pelo professor de acordo com os seus limites. Que cada um possa conhecer o tempo e o espaço do outro e experimentar a dimensão da igualdade e da solidariedade.
Por fim, há a habilidade emocional, o grande pilar da educação. Não é possível desenvolver a habilidade cognitiva e a social sem que a emoção seja trabalhada. E isso requer paciência; trata-se de um processo continuado, porque as coisas não mudam de uma hora pra outra. A emoção é a busca do foco interior e do exterior, de uma relação do ser humano com ele mesmo e com o outro, o que dá trabalho, demanda tempo e esforço, mas é o passaporte para a conquista da autonomia e da felicidade.
A fim de que o aprendiz desenvolva a habilidade emocional, o professor, condutor do processo de formação, tem de trabalhar, primeiramente, sua própria habilidade, pois ninguém oferece o que não tem. Assim como a história de vida do aluno e a construção coletiva do conhecimento precisam ser valorizadas, também o professor necessita ser lembrado, acariciado.
O desenvolvimento de um ambiente afetivo, libertador, em que haja respeito mútuo, é o grande desafio do educador. E isso não reduz o estudante – ou o professor – a uma consciência ingênua. Quem ama luta, sabendo os motivos da luta e as armas necessárias para vencê-la. Quem ama repreende, mas com as palavras exatas, no momento adequado, com medidas certeiras.
Todos estão vulneráveis aos mais diversos problemas e obstáculos. É necessário conhecimento, tolerância, amor, equilíbrio e serenidade pa­ra sair ileso deles – ou ainda melhor. Juntos, os três pilares da educação têm a força de que os aprendizes precisam para enfrentar a complexidade do mundo, tornando-se cidadãos conscientes e completos. A escola, sustentada por esses pilares, formará seres humanos com capacidade para amar e para construir histórias de vida felizes.





Autor: Gabriel Chalita - Deputado federal, doutor em Direito e em Comunicação e Semiótica, ex-secretário de Educação de São Paulo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012





EVANGELHO – Mc 1,21-28


Jesus chegou a Cafarnaume quando, no sábado seguinte, entrou na sinagogae começou a ensinar,todos se maravilhavam com a sua doutrina,porque os ensinava com autoridadee não como os escribas.Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro,que começou a gritar:«Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno?Vieste para nos perder?Sei quem Tu és: o Santo de Deus».Jesus repreendeu-o, dizendo:«Cala-te e sai desse homem».O espírito impuro, agitando-o violentamente,soltou um forte grito e saiu dele.Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros:«Que vem a ser isto?Uma nova doutrina, com tal autoridade,que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!»E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte,em toda a região da Galileia.AMBIENTEA primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,14-8,30) tem como objectivo fundamental levar à descoberta de Jesus como o Messias que proclama o Reino de Deus. Ao longo de um percurso que é mais catequético do que geográfico, os leitores do Evangelho são convidados a acompanhar a revelação de Jesus, a escutar as suas palavras e o seu anúncio, a fazerem-se discípulos que aderem à sua proposta de salvação/libertação. Este percurso de descoberta do Messias que o catequista Marcos nos propõe termina em Mc 8,29-30, com a confissão messiânica de Pedro, em Cesareia de Filipe (que é, evidentemente, a confissão que se espera de cada crente, depois de ter acompanhado o percurso de Jesus a par e passo): “Tu és o Messias”.O texto que nos é hoje proposto aparece, exactamente, no princípio desta caminhada de encontro com o Messias e com o seu anúncio de salvação. Rodeado já pelos primeiros discípulos, Jesus começa a revelar-Se como o Messias-libertador, que está no meio dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.A cena situa-nos em Cafarnaum (em hebraico Kfar Nahum, a “aldeia de Naum”), a cidade situada na costa noroeste do Lago Kineret (o Mar da Galileia). De acordo com os Evangelhos Sinópticos, é aí que Jesus se vai instalar durante o tempo do seu ministério na Galileia. Vários dos discípulos – Simão e seu irmão André, Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João – viviam em Cafarnaum.


MENSAGEM



É um sábado. A comunidade está reunida na sinagoga de Cafarnaum para a liturgia sinagogal. Jesus, recém-chegado à cidade, entra na sinagoga – como qualquer bom judeu – para participar na liturgia sabática. A celebração comunitária começava, normalmente, com a “profissão de fé” (cf. Dt 6,4-9), a que se seguiam orações, cânticos e duas leituras (uma da Torah e outra dos Profetas); depois, vinha o comentário às leituras e as bênçãos. É provável que Jesus tivesse sido convidado, nesse dia, para comentar as leituras feitas. Fê-lo de uma forma original, diferente dos comentários que as pessoas estavam habituadas a ouvir aos “escribas” (os estudiosos das Escrituras). As pessoas ficaram maravilhadas com as palavras de Jesus, “porque ensinava com autoridade e não como os escribas” (vers. 22). A referência à autoridade das palavras de Jesus pretende sugerir que Ele vem de Deus e traz uma proposta que tem a marca de Deus.A “autoridade” que se revela nas palavras de Jesus manifesta-se, também, em acções concretas (como se a “autoridade” das palavras tivesse de ser caucionada pela própria acção). Na sequência das palavras ditas por Jesus e que transmitem aos ouvintes um sinal inegável da presença de Deus, aparece em cena “um homem com um espírito impuro”. Os judeus estavam convencidos que todas as doenças eram provocadas por “espíritos maus” que se apropriavam dos homens e os tornavam prisioneiros. As pessoas afectadas por esses males deixavam de cumprir a Lei (as normas correctas de convivência social e religiosa) e ficavam numa situação de “impureza” – isto é, afastadas de Deus e da comunidade. Na perspectiva dos contemporâneos de Jesus, esses “espíritos maus” que afastavam os homens da órbita de Deus tinham um poder absoluto, que os homens não podiam, com as suas frágeis forças, ultrapassar. Acreditava-se que só Deus, com o seu poder e autoridade absolutos, era capaz de vencer os “espíritos maus” e devolver aos homens a vida e a liberdade perdidas.Numa encenação com um singular poder evocador, Marcos põe o “espírito mau” que domina “um homem” presente na sinagoga, a interpelar violentamente Jesus. Sugere-se, dessa forma, que diante da proposta libertadora que Jesus veio apresentar, em nome de Deus, os “espíritos maus” responsáveis pelas cadeias que oprimem os homens ficam inquietos, pois sentem que o seu poder sobre a humanidade chegou ao fim. A acção da cura do homem “com um espírito impuro” constitui “a prova provada” de que Jesus traz uma proposta de libertação que vem de Deus; pela acção de Jesus, Deus vem ao encontro do homem para o salvar de tudo aquilo que o impede de ter vida em plenitude.Para Marcos, este primeiro episódio é uma espécie de apresentação de um programa de acção: Jesus veio ao encontro dos homens para os libertar de tudo aquilo que os faz prisioneiros e lhes rouba a vida. A libertação que Deus quer oferecer à humanidade está a acontecer. O “Reino de Deus” instalou-se no mundo. Jesus, cumprindo o projecto libertador de Deus, pela sua Palavra e pela sua acção, renova e transforma em homens livres todos aqueles que vivem prisioneiros do egoísmo, do pecado e da morte.


ACTUALIZAÇÃO



“homem com um espírito impuro” representa todos os homens e mulheres, de todas as épocas, cujas vidas são controladas por esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de medo, de exploração, de exclusão, de injustiça, de ódio, de violência, de pecado. É essa humanidade prisioneira de uma cultura de morte, que percorre um caminho à margem de Deus e das suas propostas, que aposta em valores efémeros e escravizantes ou que procura a vida em propostas falíveis ou efémeras. O Evangelho de hoje garante-nos, porém, que Deus não desistiu da humanidade, que Ele não Se conforma com o facto de os homens trilharem caminhos de escravidão, e que insiste em oferecer a todos a vida plena.Para Marcos, a proposta de Deus torna-se realidade viva e actuante em Jesus. Ele é o Messias libertador que, com a sua vida, com a sua palavra, com os seus gestos, com as suas acções, vem propor aos homens um projecto de liberdade e de vida. Ao egoísmo, Ele contrapõe a doação e a partilha; ao orgulho e à auto-suficiência, Ele contrapõe o serviço simples e humilde a Deus e aos irmãos; à exclusão, Ele propõe a tolerância e a misericórdia; à injustiça, ao ódio, à violência, Ele contrapõe o amor sem limites; ao medo, Ele contrapõe a liberdade; à morte, Ele contrapõe a vida. O projecto de Deus, apresentado e oferecido aos homens nas palavras e acções de Jesus, é verdadeiramente um projecto transformador, capaz de renovar o mundo e de construir, desde já, uma nova terra de felicidade e de paz. É essa a Boa Nova que deve chegar a todos os homens e mulheres da terra.Os discípulos de Jesus são as testemunhas da sua proposta libertadora. Eles têm de continuar a missão de Jesus e de assumir a mesma luta de Jesus contra os “demónios” que roubam a vida e a liberdade do homem, que introduzem no mundo dinâmicas criadoras de sofrimento e de morte. Ser discípulo de Jesus é percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu e lutar, se necessário até ao dom total da vida, por um mundo mais humano, mais livre, mais solidário, mais justo, mais fraterno. Os seguidores de Jesus não podem ficar de braços cruzados, a olhar para o céu, enquanto o mundo é construído e dirigido por aqueles que propõem uma lógica de egoísmo e de morte; mas têm a grave responsabilidade de lutar, objectivamente, contra tudo aquilo que rouba a vida e a liberdade ao homem.O texto refere o incómodo do “homem com um espírito impuro”, diante da presença libertadora de Jesus. O pormenor faz-nos pensar nas reacções agressivas e intolerantes – por parte daqueles que pretendem perpetuar situações de injustiça e de escravidão – diante do testemunho e do anúncio dos valores do Evangelho. Apesar da incompreensão e da intolerância de que são, por vezes, vítimas, os discípulos de Jesus não devem deixar-se encerrar nas sacristias, mas devem assumir corajosamente e de forma bem visível o seu empenho na transformação das realidades políticas, económicas, sociais, laborais, familiares.A luta contra os “demónios” que desfeiam o mundo e que escravizam os homens nossos irmãos é sempre um processo doloroso, que gera conflitos, divisões, sofrimento; mas é, também, uma aventura que vale a pena ser vivida e uma luta que vale a pena travar. Embarcar nessa aventura é tornar-se cúmplice de Deus na construção de um mundo de homens livres.





Grupo Dinamizador: P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

LISBOA – Portugal

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012


O Blog Cerioli deseja iniciar este ano de 2012 trazendo alguns ritmos tradicionais de nossa cultura. A diversidade destes ritmos, alguns que serão apresentados, é que dissemina o samba.







Lundu






Primeira expressão afro-brasileira popularizada para além das senzalas, progressivamente incorporada aos hábitos da elite como música de salão. Como manifestação, inaugurou a tradição das danças de roda no Brasil. O tom satírico empregado pelos negros e escravos retratava a relação com seus senhores, inserindo o duplo sentido no cancioneiro popular. Seus primeiros registros datam do final do século XVIII. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)




Maxixe




Confira um video: http://www.youtube.com/watch?v=9RhdcgPZ-x0

No final do século XIX, o bairro da Cidade Nova exportou para o resto do Rio de Janeiro uma apropriação das danças europeias que virou uma moda: o Maxixe, um modo de dançar o lundu em pares enlaçados associado ao ritmo de polca. Chamado também de tango brasileiro, foi rapidamente transposto para partituras de piano. Inicialmente não se configurou como gênero musical, mas sim como dança: era comum se dançar schottichs, polcas e valsas à moda do maxixe. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)





Jongo




Confira um video: http://www.youtube.com/watch?v=Y9afQa7Il9Y&NR=1&feature=endscreen

Manifestação no Sudoeste do Brasil principalmente na Zona rural. Tem como base o ponto, uma espécie de charada musical lançada à roda como um desafio a ser desvendado. Trazido do Congo e de Angola ainda no período escravocrata. Tem forte relação com as religiões de matrizes africanas. O fogo é seu elemento ritual e serve também para afinar o tambu (ou caxambu), o candongueiro e o ngoma-puíta, tambores tidos como entidades. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)





Batuque






Confira um video: http://www.youtube.com/watch?v=vrJ2geR77pY&feature=related

Nos registros dos visitantes, exploradores e políticos do século XIX, esta palavra tanto nomeia ritmo, rito religioso, quanto as práticas lúdicas de origem africana. Acontecia nas senzalas, terreiros, mas também nas ruas, sendo tocado com tabaques, pandeiros, berimbaus, além do coro e palmas. Era comum dentro da roda o surgimento do jogo da capoeira vinda de Angola, pela similaridade dessas expressões. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)





Samba




Para além de gênero musical, o samba é antes de tudo uma manifestação cultural. Herdeiro direto do batuque, suas rodas agregam o coletivo em torno de música, dança, bebidas e comidas. Apresenta diversas vertentes a aprender do local onde é praticado e das matrizes que o constituíram. Da herança banto, trouxe a roda e a presença da umbigada, marca registrada do samba-de-roda baiano, por exemplo. Sua capacidade de agregar a diversidade o posicionou como um ícone de brasilidade, desde a década de 1930. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)
















segunda-feira, 2 de janeiro de 2012



RECEITA DE ANO NOVO
(Carlos Drummond de Andrade)




“Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.”


Um abençoado 2012