domingo, 5 de fevereiro de 2012

A força dos três pilares da educação



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Artigo publicado em 13/01/2012 - 05/02/2012






Quando se trata do processo pedagógico, uma das questões que merecem a atenção dos professores e dos estudiosos do tema refere-se aos pilares da educação. São as habilidades cognitiva, social e emocional que permitem a formação integral do ser humano, e que, por isso, não devem ser dissociadas umas das outras.
A primeira habilidade, a cognitiva, consiste em absorver o conhecimento e em trabalhá-lo de forma eficiente. Falar em habilidade cognitiva significa falar em seleção de conteúdos, adequados e significativos a cada nível escolar.
Sendo a habilidade mais importante que o conteúdo no processo de aprendizagem, um fator que contribui decisivamente nesse processo é a dimensão interdisciplinar – ou, até mesmo, a transdisciplinar. Sob o enfoque da interdisciplinaridade, o conhecimento não é compartimento; as disciplinas conversam entre si.
O segundo pilar da educação, a habilidade social, ganha cada vez mais importância em um cenário onde os desafios são constantes. Enfrentá-los sem se machucar e machucando o mínimo possível – além de estar preparado para conviver socialmente, para competir com dignidade, para abandonar o barco, se necessário for, por sentir que há novos mares a serem navegados – mostra-se necessário.
Outro aspecto da dimensão social é a convivência em uma sociedade plural. Vivemos num mundo de incluídos e excluídos; num mundo absolutamente desigual, em que pais bem-sucedidos tentam poupar os filhos das atrocidades a que são fadados os miseráveis. Mas a verdade é que é preciso prepará-los para a vida, para a convivência com as diferenças.
A escola também tem de preparar os jovens nesse sentido. É importante que alunos diferentes convivam num mesmo espaço, sendo acolhidos e estimulados pelo professor de acordo com os seus limites. Que cada um possa conhecer o tempo e o espaço do outro e experimentar a dimensão da igualdade e da solidariedade.
Por fim, há a habilidade emocional, o grande pilar da educação. Não é possível desenvolver a habilidade cognitiva e a social sem que a emoção seja trabalhada. E isso requer paciência; trata-se de um processo continuado, porque as coisas não mudam de uma hora pra outra. A emoção é a busca do foco interior e do exterior, de uma relação do ser humano com ele mesmo e com o outro, o que dá trabalho, demanda tempo e esforço, mas é o passaporte para a conquista da autonomia e da felicidade.
A fim de que o aprendiz desenvolva a habilidade emocional, o professor, condutor do processo de formação, tem de trabalhar, primeiramente, sua própria habilidade, pois ninguém oferece o que não tem. Assim como a história de vida do aluno e a construção coletiva do conhecimento precisam ser valorizadas, também o professor necessita ser lembrado, acariciado.
O desenvolvimento de um ambiente afetivo, libertador, em que haja respeito mútuo, é o grande desafio do educador. E isso não reduz o estudante – ou o professor – a uma consciência ingênua. Quem ama luta, sabendo os motivos da luta e as armas necessárias para vencê-la. Quem ama repreende, mas com as palavras exatas, no momento adequado, com medidas certeiras.
Todos estão vulneráveis aos mais diversos problemas e obstáculos. É necessário conhecimento, tolerância, amor, equilíbrio e serenidade pa­ra sair ileso deles – ou ainda melhor. Juntos, os três pilares da educação têm a força de que os aprendizes precisam para enfrentar a complexidade do mundo, tornando-se cidadãos conscientes e completos. A escola, sustentada por esses pilares, formará seres humanos com capacidade para amar e para construir histórias de vida felizes.





Autor: Gabriel Chalita - Deputado federal, doutor em Direito e em Comunicação e Semiótica, ex-secretário de Educação de São Paulo.

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