sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ponto de exclamação

Fragmento de uma postagem do Zeca Camargo em 20/10/11






Sei que eu mesmo sou mestre em abusar dessa pontuação. Acho que é um tique meu! Sempre coloquei esse sinal em tudo quanto é texto que eu escrevo. Mas – você vai concordar – nunca as pessoas escreveram com tanta ênfase na exclamação. Com as mensagens cada vez mais curtas, parece que todo mundo agora precisa dar ainda mais intensidade ao que diz. Gostou de um filme? Adorei!!!!!!!!!! E o show do Guns? O melhor!!!!!!!!!!!! E a festa de ontem? O bicho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! A piada que eu twitei? Kkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Mas nessa onda de exageros, é interessante observar que às vezes basta apenas uma exclamação para chamar a sua atenção. Tão preocupados estamos sempre em dar a dimensão da nossa intenção nessas mensagens rápidas, que nos esquecemos que o que conta mesmo é o que vem antes da exclamação. Caso em questão: os artistas que participam da exposição “Em nome dos artistas”, atualmente em cartaz no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Nos cartazes e em toda a programação gráfica da mostra os nomes dos convidados vêm seguidos de uma simples exclamação. Basta isso!
Estou para falar disso já há alguns dias, desde que visitei a mostra na semana de sua abertura. Outros assuntos acabaram entrando na frente, mas aqueles pontos de exclamação não me saem da cabeça – quem sabe agora, já que eu vou tentar te convencer a ir até lá. Ao fazer esse convite, sei bem que estou sendo injusto com quem não mora em São Paulo, ou não tem a facilidade de passar pela cidade até o início de dezembro (quando ela se encerra). Mas é que, ao contrário de outros eventos culturais que eu costumo mostrar aqui (filmes, música, TV), arte tem essa “coisa chata” de se deslocar pouco. Na verdade, é a gente que tem de ir até ela. Dá trabalho, eu sei. Eu mesmo já cheguei a fazer loucuras, apenas para ver “a última loucura” de um artista que eu gostava bem – como foi o caso, em julho de 2008, das cataratas artificiais de Olafur Eliasson em Nova York (artista este que, aliás, também ganha agora uma exposição em São Paulo – sobre a qual pretendo escrever assim que conseguir visitar). Então quem sabe você não se anima?



Escrito por Zeca Camargo

http://g1.globo.com/platb/zecacamargo/

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