quinta-feira, 26 de janeiro de 2012





EVANGELHO – Mc 1,21-28


Jesus chegou a Cafarnaume quando, no sábado seguinte, entrou na sinagogae começou a ensinar,todos se maravilhavam com a sua doutrina,porque os ensinava com autoridadee não como os escribas.Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro,que começou a gritar:«Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno?Vieste para nos perder?Sei quem Tu és: o Santo de Deus».Jesus repreendeu-o, dizendo:«Cala-te e sai desse homem».O espírito impuro, agitando-o violentamente,soltou um forte grito e saiu dele.Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros:«Que vem a ser isto?Uma nova doutrina, com tal autoridade,que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!»E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte,em toda a região da Galileia.AMBIENTEA primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,14-8,30) tem como objectivo fundamental levar à descoberta de Jesus como o Messias que proclama o Reino de Deus. Ao longo de um percurso que é mais catequético do que geográfico, os leitores do Evangelho são convidados a acompanhar a revelação de Jesus, a escutar as suas palavras e o seu anúncio, a fazerem-se discípulos que aderem à sua proposta de salvação/libertação. Este percurso de descoberta do Messias que o catequista Marcos nos propõe termina em Mc 8,29-30, com a confissão messiânica de Pedro, em Cesareia de Filipe (que é, evidentemente, a confissão que se espera de cada crente, depois de ter acompanhado o percurso de Jesus a par e passo): “Tu és o Messias”.O texto que nos é hoje proposto aparece, exactamente, no princípio desta caminhada de encontro com o Messias e com o seu anúncio de salvação. Rodeado já pelos primeiros discípulos, Jesus começa a revelar-Se como o Messias-libertador, que está no meio dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.A cena situa-nos em Cafarnaum (em hebraico Kfar Nahum, a “aldeia de Naum”), a cidade situada na costa noroeste do Lago Kineret (o Mar da Galileia). De acordo com os Evangelhos Sinópticos, é aí que Jesus se vai instalar durante o tempo do seu ministério na Galileia. Vários dos discípulos – Simão e seu irmão André, Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João – viviam em Cafarnaum.


MENSAGEM



É um sábado. A comunidade está reunida na sinagoga de Cafarnaum para a liturgia sinagogal. Jesus, recém-chegado à cidade, entra na sinagoga – como qualquer bom judeu – para participar na liturgia sabática. A celebração comunitária começava, normalmente, com a “profissão de fé” (cf. Dt 6,4-9), a que se seguiam orações, cânticos e duas leituras (uma da Torah e outra dos Profetas); depois, vinha o comentário às leituras e as bênçãos. É provável que Jesus tivesse sido convidado, nesse dia, para comentar as leituras feitas. Fê-lo de uma forma original, diferente dos comentários que as pessoas estavam habituadas a ouvir aos “escribas” (os estudiosos das Escrituras). As pessoas ficaram maravilhadas com as palavras de Jesus, “porque ensinava com autoridade e não como os escribas” (vers. 22). A referência à autoridade das palavras de Jesus pretende sugerir que Ele vem de Deus e traz uma proposta que tem a marca de Deus.A “autoridade” que se revela nas palavras de Jesus manifesta-se, também, em acções concretas (como se a “autoridade” das palavras tivesse de ser caucionada pela própria acção). Na sequência das palavras ditas por Jesus e que transmitem aos ouvintes um sinal inegável da presença de Deus, aparece em cena “um homem com um espírito impuro”. Os judeus estavam convencidos que todas as doenças eram provocadas por “espíritos maus” que se apropriavam dos homens e os tornavam prisioneiros. As pessoas afectadas por esses males deixavam de cumprir a Lei (as normas correctas de convivência social e religiosa) e ficavam numa situação de “impureza” – isto é, afastadas de Deus e da comunidade. Na perspectiva dos contemporâneos de Jesus, esses “espíritos maus” que afastavam os homens da órbita de Deus tinham um poder absoluto, que os homens não podiam, com as suas frágeis forças, ultrapassar. Acreditava-se que só Deus, com o seu poder e autoridade absolutos, era capaz de vencer os “espíritos maus” e devolver aos homens a vida e a liberdade perdidas.Numa encenação com um singular poder evocador, Marcos põe o “espírito mau” que domina “um homem” presente na sinagoga, a interpelar violentamente Jesus. Sugere-se, dessa forma, que diante da proposta libertadora que Jesus veio apresentar, em nome de Deus, os “espíritos maus” responsáveis pelas cadeias que oprimem os homens ficam inquietos, pois sentem que o seu poder sobre a humanidade chegou ao fim. A acção da cura do homem “com um espírito impuro” constitui “a prova provada” de que Jesus traz uma proposta de libertação que vem de Deus; pela acção de Jesus, Deus vem ao encontro do homem para o salvar de tudo aquilo que o impede de ter vida em plenitude.Para Marcos, este primeiro episódio é uma espécie de apresentação de um programa de acção: Jesus veio ao encontro dos homens para os libertar de tudo aquilo que os faz prisioneiros e lhes rouba a vida. A libertação que Deus quer oferecer à humanidade está a acontecer. O “Reino de Deus” instalou-se no mundo. Jesus, cumprindo o projecto libertador de Deus, pela sua Palavra e pela sua acção, renova e transforma em homens livres todos aqueles que vivem prisioneiros do egoísmo, do pecado e da morte.


ACTUALIZAÇÃO



“homem com um espírito impuro” representa todos os homens e mulheres, de todas as épocas, cujas vidas são controladas por esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de medo, de exploração, de exclusão, de injustiça, de ódio, de violência, de pecado. É essa humanidade prisioneira de uma cultura de morte, que percorre um caminho à margem de Deus e das suas propostas, que aposta em valores efémeros e escravizantes ou que procura a vida em propostas falíveis ou efémeras. O Evangelho de hoje garante-nos, porém, que Deus não desistiu da humanidade, que Ele não Se conforma com o facto de os homens trilharem caminhos de escravidão, e que insiste em oferecer a todos a vida plena.Para Marcos, a proposta de Deus torna-se realidade viva e actuante em Jesus. Ele é o Messias libertador que, com a sua vida, com a sua palavra, com os seus gestos, com as suas acções, vem propor aos homens um projecto de liberdade e de vida. Ao egoísmo, Ele contrapõe a doação e a partilha; ao orgulho e à auto-suficiência, Ele contrapõe o serviço simples e humilde a Deus e aos irmãos; à exclusão, Ele propõe a tolerância e a misericórdia; à injustiça, ao ódio, à violência, Ele contrapõe o amor sem limites; ao medo, Ele contrapõe a liberdade; à morte, Ele contrapõe a vida. O projecto de Deus, apresentado e oferecido aos homens nas palavras e acções de Jesus, é verdadeiramente um projecto transformador, capaz de renovar o mundo e de construir, desde já, uma nova terra de felicidade e de paz. É essa a Boa Nova que deve chegar a todos os homens e mulheres da terra.Os discípulos de Jesus são as testemunhas da sua proposta libertadora. Eles têm de continuar a missão de Jesus e de assumir a mesma luta de Jesus contra os “demónios” que roubam a vida e a liberdade do homem, que introduzem no mundo dinâmicas criadoras de sofrimento e de morte. Ser discípulo de Jesus é percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu e lutar, se necessário até ao dom total da vida, por um mundo mais humano, mais livre, mais solidário, mais justo, mais fraterno. Os seguidores de Jesus não podem ficar de braços cruzados, a olhar para o céu, enquanto o mundo é construído e dirigido por aqueles que propõem uma lógica de egoísmo e de morte; mas têm a grave responsabilidade de lutar, objectivamente, contra tudo aquilo que rouba a vida e a liberdade ao homem.O texto refere o incómodo do “homem com um espírito impuro”, diante da presença libertadora de Jesus. O pormenor faz-nos pensar nas reacções agressivas e intolerantes – por parte daqueles que pretendem perpetuar situações de injustiça e de escravidão – diante do testemunho e do anúncio dos valores do Evangelho. Apesar da incompreensão e da intolerância de que são, por vezes, vítimas, os discípulos de Jesus não devem deixar-se encerrar nas sacristias, mas devem assumir corajosamente e de forma bem visível o seu empenho na transformação das realidades políticas, económicas, sociais, laborais, familiares.A luta contra os “demónios” que desfeiam o mundo e que escravizam os homens nossos irmãos é sempre um processo doloroso, que gera conflitos, divisões, sofrimento; mas é, também, uma aventura que vale a pena ser vivida e uma luta que vale a pena travar. Embarcar nessa aventura é tornar-se cúmplice de Deus na construção de um mundo de homens livres.





Grupo Dinamizador: P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

LISBOA – Portugal

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012


O Blog Cerioli deseja iniciar este ano de 2012 trazendo alguns ritmos tradicionais de nossa cultura. A diversidade destes ritmos, alguns que serão apresentados, é que dissemina o samba.







Lundu






Primeira expressão afro-brasileira popularizada para além das senzalas, progressivamente incorporada aos hábitos da elite como música de salão. Como manifestação, inaugurou a tradição das danças de roda no Brasil. O tom satírico empregado pelos negros e escravos retratava a relação com seus senhores, inserindo o duplo sentido no cancioneiro popular. Seus primeiros registros datam do final do século XVIII. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)




Maxixe




Confira um video: http://www.youtube.com/watch?v=9RhdcgPZ-x0

No final do século XIX, o bairro da Cidade Nova exportou para o resto do Rio de Janeiro uma apropriação das danças europeias que virou uma moda: o Maxixe, um modo de dançar o lundu em pares enlaçados associado ao ritmo de polca. Chamado também de tango brasileiro, foi rapidamente transposto para partituras de piano. Inicialmente não se configurou como gênero musical, mas sim como dança: era comum se dançar schottichs, polcas e valsas à moda do maxixe. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)





Jongo




Confira um video: http://www.youtube.com/watch?v=Y9afQa7Il9Y&NR=1&feature=endscreen

Manifestação no Sudoeste do Brasil principalmente na Zona rural. Tem como base o ponto, uma espécie de charada musical lançada à roda como um desafio a ser desvendado. Trazido do Congo e de Angola ainda no período escravocrata. Tem forte relação com as religiões de matrizes africanas. O fogo é seu elemento ritual e serve também para afinar o tambu (ou caxambu), o candongueiro e o ngoma-puíta, tambores tidos como entidades. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)





Batuque






Confira um video: http://www.youtube.com/watch?v=vrJ2geR77pY&feature=related

Nos registros dos visitantes, exploradores e políticos do século XIX, esta palavra tanto nomeia ritmo, rito religioso, quanto as práticas lúdicas de origem africana. Acontecia nas senzalas, terreiros, mas também nas ruas, sendo tocado com tabaques, pandeiros, berimbaus, além do coro e palmas. Era comum dentro da roda o surgimento do jogo da capoeira vinda de Angola, pela similaridade dessas expressões. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)





Samba




Para além de gênero musical, o samba é antes de tudo uma manifestação cultural. Herdeiro direto do batuque, suas rodas agregam o coletivo em torno de música, dança, bebidas e comidas. Apresenta diversas vertentes a aprender do local onde é praticado e das matrizes que o constituíram. Da herança banto, trouxe a roda e a presença da umbigada, marca registrada do samba-de-roda baiano, por exemplo. Sua capacidade de agregar a diversidade o posicionou como um ícone de brasilidade, desde a década de 1930. (Texto do CD Amarelo, de Juliana Ribeiro)
















segunda-feira, 2 de janeiro de 2012



RECEITA DE ANO NOVO
(Carlos Drummond de Andrade)




“Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.”


Um abençoado 2012