quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


FELIZ 2011


Queridos amigos

Quando o relógio nos avisar que é meia-noite, do dia 31 de dezembro, começa um ano IN-TEI-RI-NHO pela frente!

Um ano novinho em folha!
Como uma página de papel em branco, esperando pelo que iremos escrever.
Um ano para começarmos o que ainda não tivemos força de vontade, coragem ou fé... para cuidarmos mais de nós, da nossa saúde, da nossa família.
Um ano para termos tempo, inclusive para visitar e rever pessoas queridas,
Um ano sem pressa...
Um ano para perdoarmos os erros do próximo, e sermos perdoados dos nossos...

365 dias para fazermos algo de especial...
Sempre há uma escolha...
E, exatamente por isso, eu desejo que você faça a melhor escolha que puder.
Desejo que sorria o máximo.
Cante a música que tocar a sua alma.
Ame muito!
Sonhe mais!
Abrace bem apertado!
Reze por todos nós!

Agradeça por sua saúde, por estar vivo e ter sempre mais uma chance para recomeçar.
Agradeça as suas escolhas, pois certas ou não, elas são suas e de sua inteira responsabilidade.
Aproveite para em primeiro lugar agradecer a Deus pela vida.
Agradeça pela família.

Eu quero também agradecer pelos especiais amigos.
Aos que me 'acompanham' desde muito tempo.
Aos que eu fiz há pouco tempo.
Aos que eu escrevo pouco, mas lembro muito.
Aos que eu escrevo muito e falo pouco.
Aos que moram longe e não vejo tanto quanto gostaria.
Aos que moram perto e eu vejo sempre.
Muito obrigado por fazerem parte da minha história!!!

Espero que 2011 seja um ano com muitas vitórias, muito amor, paz e solidariedade, próspero para você e sua família!
Que em suas escolhas você obtenha sempre sucesso e seja muito feliz!!!


Deus nos abençoe!!!




FELICE 2011


Quando l'orologio ci dice che a mezzanotte del 31 dicembre, inizia un anno intero avanti!
365 giorni per fare qualcosa di speciale ...
Siate riconoscenti per la vostra salute, di essere vivi e avere sempre una possibilità in più per ricominc
iare.
Cogli l'occasione per ringraziare prima Dio per la vita. Voglio anche ringraziare gli amici speciali. A coloro che mi accompagnano da tempo.
Al che ho fatto di recente. Per che scrivo un po ', ma mi ricordo molto. Grazie per essere parte della mia storia!
Spero che il 2011 è un anno con molte vittorie, tanto amore, pace, solidarietà e prosperità per voi e la vostra famiglia!

Dio ci benedica!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal

É diante do seu Senhor que as pessoas humildes se ajoelham. É diante do presépio que elas dobram os joelhos, pois o Senhor “armou a sua tenda no meio de nós” (J0 1,14)


Nesse Natal e no Novo ano que se aproxima que este Senhor possa armar a tenda da vida na sua cotidianidade.
Deus lhe abençoe!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Advento




O Advento é o tempo litúrgico que antecede o Natal. São quatro semanas nas quais somos convidados a esperar Jesus que vem. Por isso é um tempo de preparação e de alegre espera do Senhor. Nas duas primeiras semanas do advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do Salvador. Nas duas últimas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, nos preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém.


1º Domingo do Advento – Ano A





MT 24, 37-44
A Palavra de hoje convida-nos a sermos como um patrão que vigia incansavelmente o seu tesouro. O Trabalho da Igreja no mundo de hoje é de reforçar a importância da nossa vigilância diante da nossa ignorância, preguiça, irresponsabilidade, comodismo e da busca pelo mais fácil, rápido e passageiro. A Igreja também nos apresenta Deus como o único que chama a todos para junto de si. Eis o grande desafio no mundo atual: trazer o ser humano para perto de Deus, pois Deus é o nosso maior tesouro. É neste tesouro que podemos alicerçar a nossa existência.

Oração:
Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.



2º Domingo do Advento – Ano A




MT 3, 1-12
O batismo no Jordão é um sinal visível, também para as pessoas de hoje, de quanto Deus deseja estar próximo da pessoa humana. Mateus apresenta um batismo que é feito através da disposição de acolher verdadeiramente o Reino de Deus de forma simples, autêntica e sincera. A única condição dada por João Batista é ser sincero com Deus. Isso, pelo fato de que Deus se faz vizinho da nossa vida, das nossas dificuldades e das nossas fraquezas.


Oração
Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


3º Domingo do Advento – Ano A




MT 11, 2-11
Olhando a resposta que Jesus dá a João, podemos entender que ela serve hoje para nós: Jesus está operando uma mudança na vida de cada pessoa que vem a Ele. O Reino de Deus está sendo, então, semeado em silencio e será instaurado numa cruz. A obra que uma comunidade ativa e orante realiza, mesmo parecendo uma gota de esperança em meio ao desespero e angústia, pode mudar o destino de toda a humanidade. E assim Jesus fez.


Oração
Ó Deus de bondade, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o natal do Senhor, daí-nos chegar às alegrias da Salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.



4º Domingo do Advento – Ano A




MT 1, 18-24
O evangelista descreve o anúncio do nascimento de Jesus, que feito por um anjo do Senhor a José. O anjo fala do projeto de Deus: “Maria dará a luz ao Salvador”. José, o homem do sonho, acolhe com fé e simplicidade o projeto de Deus. Acolhe consigo Maria e reconhece legalmente aquela criança, dando-lhe um nome, Jesus: “Deus está conosco”. Deus para realizar o seu projeto de amor e salvação servisse do ser humano. José é um destes homens que com fé, humilde e obediência, leva adiante a vontade de Deus.


Marana thá! Vem, Senhor Jesus!

sábado, 30 de outubro de 2010

Jornal Virtual Ano 8 - Nº 189 -29/10/2010
www.humanaeditorial.com.br

A educação financeira: de casa para a escola

Marcus Mingoni





Desde agosto deste ano, 450 escolas públicas dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins e do Distrito Federal iniciaram aulas do projeto-piloto de educação financeira, que pretende chegar a mais de 200 mil instituições de ensino e combater o “analfabetismo financeiro” no País.
Com esse curso, os estudantes irão aprender mais sobre temas que interessam a todos, mas apavoram até mesmo os adultos pós-graduados, como orçamento doméstico, poupança, aposentadoria, seguros e financiamentos. Esse piloto vai envolver 15 mil estudantes do ensino médio nessa primeira etapa e será estendido às escolas do ensino fundamental no próximo ano. A partir de 2012, o programa didático deve ser aplicado nas 200 mil escolas da rede pública do País.
Uma vez que vivemos em uma sociedade com forte apelo consumista e sofisticadas estratégias de marketing, que nos bombardeiam constantemente, a escola e a família precisam ensinar fundamentos de responsabilidade financeira às crianças logo cedo, para evitar criar consumidores vorazes e irresponsáveis. Ocorre que a atual geração de pais demonstra dificuldade na orientação financeira de seus filhos, pois viveu o auge da hiperinflação no Brasil, período em que o ritmo de aumento de preços era frenético e a resposta a esse quadro era consumir tudo o que fosse possível o quanto antes; afinal, no dia seguinte, já custaria mais caro. Diante desse contexto, precisamos de um novo olhar sobre as relações de consumo e, sobretudo, criar estratégias de abordagem desse tema com nossos filhos. O autocontrole sobre as finanças deve ser praticado desde a infância, para que o jovem não chegue despreparado à fase adulta. Inevitavelmente, tem de haver planejamento, organização e disciplina, porque não existe mágica. Para alguns, isso pode soar como inatingível, mas essas habilidades no controle orçamentário podem ser conquistadas com ações simples e que estão ao alcance de todos.
Além das atividades em sala de aula, é importante que o assunto "dinheiro" seja conversado e discutido em família, sem tabus. Os limites do orçamento familiar precisam ficar claros e o envolvimento de todos é importante, assim como a definição de prioridades e dos grandes projetos familiares.
Um exercício prático é dar uma quantia fixa de dinheiro à criança, com uma periodicidade preestabelecida. O pequeno economista deve ser orientado sobre como administrar suas contas, incluindo hábitos como pesquisar preços – para entender o que é caro e barato – e poupar, definindo objetivos de curto e de longo prazo. Ele precisa ser responsável pelas escolhas que faz. Se, apesar das conversas, os filhos gastarem todo o dinheiro antes do prazo combinado e pedirem mais, os pais precisam ser firmes e dizer não.
Todavia, de nada adiantará o discurso se as crianças e adolescentes constatarem que seus pais consomem por impulso e sem planejamento. Dar o exemplo é uma das atitudes mais importantes, seguida pelo planejamento cuidadoso a respeito das estratégias para presentear os filhos, já que o excesso de mimos dificulta o entendimento prático das dificuldades que nossos filhos enfrentarão na vida adulta.


Texto de Marcus Mingoni,
Diretor de Operações da Divisão de Sistemas de Ensino da Editora Saraiva.
E-mail:
mmingoni@editorasaraiva.com.br



Encantamento faz-se com atitude


Um homem estava dirigindo há horas e, cansado da estrada, resolveu procurar um hotel ou uma pousada para descansar.
Em poucos minutos, avistou um letreiro luminoso com o nome: Hotel Venetia. Quando chegou à recepção, o hall estava iluminado com luz suave. Atrás do balcão, uma moça de rosto alegre o saudou amavelmente:"Bem-vindo ao Venetia!"
Três minutos após essa saudação, o hóspede já se encontrava confortavelmente instalado no seu quarto (e impressionado com os procedimentos, tudo muito rápido e prático) de discreta opulência: possuía uma cama – impecavelmente limpa –, uma lareira e um fósforo apropriado, em posição perfeitamente alinhada, sobre a lareira para ser riscado.

Era demais! Aquele homem que queria um quarto apenas para passar a noite, começou a pensar que estava com sorte. Mudou de roupa para o jantar (a recepcionista fizera o pedido no momento do registro). A refeição foi tão deliciosa como tudo o que tinha experimentado naquele local, até então.
Assinou a conta e retornou para o quarto. Fazia frio e ele estava ansioso para utilizar a lareira. Qual não foi a sua surpresa! Alguém havia se antecipado a ele, pois havia um lindo fogo crepitante aceso. A cama estava preparada, os travesseiros arrumados e uma bala de menta sobre cada um. Que noite agradável aquela! Na manhã seguinte, o hóspede acordou com um estranho borbulhar vindo do banheiro. Saiu da cama para investigar. Simplesmente uma cafeteira ligada por um timer automático estava preparando o seu café e, junto, um cartão que dizia: "Sua marca predileta de café. Bom apetite!" Era mesmo! Como eles podiam saber desse detalhe? De repente, lembrou-se: no jantar perguntaram qual a sua marca preferida de café.

Em seguida, ele ouve um leve toque na porta. Ao abrir, havia um jornal. "Mas como pode? É o meu jornal! Como eles adivinharam?" Mais uma vez, lembrou-se de quando se registrou: a recepcionista havia perguntado qual jornal ele costumava ler. O cliente deixou o hotel encantando, feliz pela sorte de ter ficado num lugar tão acolhedor. Mas, o que esse hotel fizera mesmo de especial? Apenas ofereceram um fósforo, uma bala de menta, uma xícara de café e um jornal.

Autor desconhecido*
www.gestaoeducacional.com.br


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

XXXI Domingo do Tempo Comum (Ano C)



TEMA
A liturgia deste domingo convida-nos a contemplar o quadro do amor de Deus.
Apresenta-nos um Deus que ama todos os seus filhos sem excluir ninguém, nem sequer os pecadores, os maus, os marginais, os “impuros”; e mostra como só o amor é transformador e revivificador.
Na primeira leitura um “sábio” de Israel explica a “moderação” com que Deus tratou os opressores egípcios. Essa moderação explica-se por uma lógica de amor: esse Deus omnipotente, que criou tudo, ama com amor de Pai cada ser que saiu das suas mãos – mesmo os egípcios – porque todos são seus filhos.
O Evangelho apresenta a história de um homem pecador, marginalizado e desprezado pelos seus concidadãos, que se encontrou com Jesus e descobriu n’Ele o rosto do Deus que ama… Convidado a sentar-se à mesa do “Reino”, esse homem egoísta e mau deixou-se transformar pelo amor de Deus e tornou-se um homem generoso, capaz de partilhar os seus bens e de se comover com a sorte dos pequenos.
A segunda leitura faz referência ao amor de Deus, pondo em relevo o seu papel na salvação do homem (é d’Ele que parte o chamamento inicial à salvação; Ele acompanha com amor a caminhada diária do homem; Ele dá-lhe, no final da caminhada, a vida plena)… Além disso, avisa os crentes para que não se deixem manipular por fantasias de fanáticos que aparecem, por vezes, a perturbar o caminho normal do cristão.

EVANGELHO – Lc 19,1-10
“Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em cada dum pecador». Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».”

AMBIENTE
O episódio de hoje coloca-nos em Jericó, o oásis situado nas margens do mar Morto, a cerca de 34 quilómetros de Jerusalém. Era a última etapa dos peregrinos que, da Pereia e da Galileia, se dirigiam a Jerusalém para celebrar as grandes festividades do culto judaico (o que indica que o “caminho de Jerusalém”, que temos vindo a percorrer sob a condução de Lucas, está a chegar ao fim).
No tempo de Jesus, é uma cidade próspera (sobretudo devido à produção de bálsamo), dotada de grandes e belos jardins e palácios (por acção de Herodes, o Grande, que fez de Jericó a sua residência de inverno). Situada num lugar privilegiado de uma importante rota comercial, era um lugar de oportunidades, que devia proporcionar negócios chorudos (e também várias possibilidades de negócios “duvidosos”).
O personagem que se defronta com Jesus é, mais uma vez, um publicano (neste caso, um “chefe dos publicanos”). O nosso herói é, portanto, um homem que o judaísmo oficial considerava um pecador público, um explorador dos pobres, um colaboracionista ao serviço dos opressores romanos e, portanto, um excluído da comunidade da salvação.


MENSAGEM
Voltamos aqui a um dos temas predilectos de Lucas: Jesus é o Deus que veio ao encontro dos homens e Se fez pessoa para trazer, em gestos concretos, a libertação a todos os homens – nomeadamente aos marginalizados e excluídos, colocados pela doutrina oficial à margem da salvação.
Zaqueu (é o nome do publicano em causa) era, naturalmente, um homem que colaborava com os opressores romanos e que se servia do seu cargo para enriquecer de forma imoral (exigindo impostos muito acima do que tinha sido fixado pelos romanos e guardando para si a diferença, como aliás era prática corrente entre os publicanos). Era, portanto, um pecador público sem hipóteses de perdão, excluído do convívio com as pessoas decentes e sérias. Era um marginal, considerado amaldiçoado por Deus e desprezado pelos homens. A referência à sua “pequena estatura” – mais do que uma indicação de carácter físico – pode significar a sua pequenez e insignificância, do ponto de vista moral.
Este homem procurava “ver” Jesus. O “ver” indica aqui, provavelmente, mais do que curiosidade: indica uma procura intensa, uma vontade firme de encontro com algo novo, uma ânsia de descobrir o “Reino”, um desejo de fazer parte dessa comunidade de salvação que Jesus anunciava. No entanto, o “mestre” devia parecer-lhe distante e inacessível, rodeado desses “puros” e “santos” que desprezavam os marginais como Zaqueu. O subir “a um sicómoro” indica a intensidade do desejo de encontro com Jesus, que é muito mais forte do que o medo do ridículo ou das vaias da multidão.
Como é que Jesus vai lidar com este excluído, que sente um desejo intenso de conhecer a salvação que Deus oferece e que espreita Jesus do meio dos ramos de um sicómoro? Jesus começa por provocar o encontro; depois, sugere a Zaqueu que está interessado em entrar em comunhão com Ele, em estabelecer com Ele laços de familiaridade (“quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa»”). Atente-se neste quadro “escandaloso”: Jesus, rodeado pelos “puros” que escutam atentamente a sua Palavra, deixa todos especados no meio da rua para estabelecer contacto com um marginal e para entrar na sua casa. É a exemplificação prática do “deixar as noventa e nove ovelhas para ir à procura da que estava perdida”… Aqui torna-se patente a fragilidade do coração de Deus que, diante de um pecador que busca a salvação, deixa tudo para ir ao seu encontro.
Como é que a multidão que rodeia Jesus reage a isto? Manifestando, naturalmente, a sua desaprovação às atitudes incompreensíveis de Jesus (“ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «foi hospedar-se em casa de um pecador»”). É a atitude de quem se considera “justo” e despreza os outros, de quem está instalado nas suas certezas, de quem está convencido de que a lógica de Deus é uma lógica de castigo, de marginalização, de exclusão. No entanto, Jesus demonstra-lhes que a lógica de Deus é diferente da lógica dos homens e que a oferta de salvação que Deus faz não exclui nem marginaliza ninguém.
Como é que tudo termina? Termina com um banquete (onde está Zaqueu, o chefe dos publicanos) que simboliza o “banquete do Reino”. Ao aceitar sentar-Se à mesa com Zaqueu, Jesus mostra que os pecadores têm lugar no “banquete do Reino”; diz-lhes, também, que Deus os ama, que aceita sentar-Se à mesa com eles – isto é, quer integrá-los na sua família e estabelecer com eles laços de comunhão e de amor. Jesus mostra, dessa forma, que Deus não exclui nem marginaliza nenhum dos seus filhos – mesmo os pecadores – mas a todos oferece a salvação.
E como é que Zaqueu reage a essa oferta de salvação que Deus lhe faz? Acolhendo o dom de Deus e convertendo-se ao amor. A repartição dos bens pelos pobres e a restituição de tudo o que foi roubado em quádruplo, vai muito além daquilo que a lei judaica exigia (cf. Ex 22,3.6; Lev 5,21-24; Nm 5,6-7) e é sinal da transformação do coração de Zaqueu… Repare-se, no entanto, que Zaqueu só se resolveu a ser generoso após o encontro com Jesus e após ter feito a experiência do amor de Deus.
O amor de Deus não se derramou sobre Zaqueu depois de ele ter mudado de vida; mas foi o amor de Deus – que Zaqueu experimentou quando ainda era pecador – que provocou a conversão e que converteu o egoísmo em generosidade. Prova-se, assim, que só a lógica do amor pode transformar o mundo e os corações dos homens.

ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode partir das seguintes linhas:
• A questão central posta por este texto é, portanto, a questão da universalidade do amor de Deus. A história de Zaqueu revela um Deus que ama todos os seus filhos sem excepção e que nem sequer exclui do seu amor os “impuros”, os pecadores públicos: pelo contrário, é por esses que Deus manifesta uma especial predileção. Além disso, o amor de Deus não é condicional: Ele ama, apesar do pecado; e é precisamente esse amor nunca desmentido que, uma vez experimentado, provoca a conversão e o regresso do filho pecador. É esta Boa Nova de um Deus “com coração” que somos convidados a anunciar, com palavras e gestos.
• A vida revela, contudo, que nem sempre a atitude dos crentes em relação aos pecadores está em consonância com a lógica de Deus… Muitas vezes, em nome de Deus, os crentes ou as Igrejas marginalizam e excluem, assumem atitudes de censura, de crítica, de acusação que, longe de provocar a conversão do pecador, o afastam mais e o levam a radicalizar as suas atitudes de provocação. Já devíamos ter percebido (o Evangelho de Jesus tem quase dois mil anos) que só o amor gera amor e que só com amor – não com intolerância ou fanatismo – conseguiremos transformar o mundo e o coração dos homens. Na verdade, como é que acolhemos e tratamos os que têm comportamentos socialmente inaceitáveis? Como é que acolhemos e integramos os que, pelas suas opções ou pelas voltas que a vida dá, assumem atitudes diferentes das que consideramos correctas, à luz dos ensinamentos da Igreja?
• Testemunhar o Deus que ama e que acolhe todos os homens não significa, contudo, branquear o pecado e pactuar com o que está errado. O pecado gera ódio, egoísmo, injustiça, opressão, mentira, sofrimento; é mau e deve ser combatido e vencido. No entanto, distingamos entre pecador e pecado: Deus convida-nos a amar todos os homens e mulheres, inclusive os pecadores; mas chama-nos a combater o pecado que desfeia o mundo e que destrói a felicidade do homem.


Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido – Pe. Manuel Barbosa – Pe. Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos)

sábado, 16 de outubro de 2010

XXIX Domingo do Tempo Comum (Ano C)



TEMA
A Palavra que a liturgia de hoje convida-nos a manter com Deus uma relação estreita, uma comunhão íntima, um diálogo insistente: só dessa forma será possível ao crente aceitar os projectos de Deus, compreender os seus silêncios, respeitar os seus ritmos, acreditar no seu amor.
O Evangelho sugere que Deus não está ausente nem fica insensível diante do sofrimento do seu Povo… Os crentes devem descobrir que Deus os ama e que tem um projecto de salvação para todos os homens; e essa descoberta só se pode fazer através da oração, de um diálogo contínuo e perseverante com Deus.
A primeira leitura dá a entender que Deus intervém no mundo e salva o seu Povo servindo-Se, muitas vezes, da acção do homem; mas, para que o homem possa ganhar as duras batalhas da existência, ele tem que contar com a ajuda e a força de Deus… Ora, essa ajuda e essa força brotam da oração, do diálogo com Deus.
A segunda leitura, sem se referir directamente ao tema da relação do crente com Deus, apresenta uma outra fonte privilegiada de encontro entre Deus e o homem: a Escritura Sagrada… Sendo a Palavra com que Deus indica aos homens o caminho da vida plena, ela deve assumir um lugar preponderante na experiência cristã.


EVANGELHO – Lc 18,1-8
"Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar:
«Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens.
Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia:
‘Faz-me justiça contra o meu adversário’.
Durante muito tempo ele não quis atendê-la.
Mas depois disse consigo:
‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens;
mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’».
E o Senhor acrescentou:
«Escutai o que diz o juiz iníquo!…
E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa.
Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre esta terra?»."


AMBIENTE
O Evangelho apresenta-nos mais uma etapa do “caminho de Jerusalém”. O texto que hoje nos é proposto vem na sequência do discurso escatológico sobre a vinda gloriosa do Filho do Homem (cf. Lc 17,20-37). A parábola do juiz e da viúva deve, pois, ser entendida neste ambiente.
Trata-se de um texto que não tem paralelo noutro evangelista; no entanto, é similar à parábola do amigo importuno que vem pedir pão a meio da noite e que é atendido por causa da sua insistência (cf. Lc 11,5-8).
Não esqueçamos que Lucas escreveu o terceiro Evangelho durante a década de 80…
É uma época em que as comunidades cristãs sofrem por causa da hostilidade dos judeus e dos pagãos e em que já se anunciam as grandes perseguições que dizimaram as comunidades cristãs no final do séc. I. Os cristãos estão inquietos, desanimados e anseiam pela segunda vinda de Cristo – isto é, pela intervenção definitiva de Deus na história para derrotar os maus e salvar o seu Povo.


MENSAGEM
O nosso texto consta de uma parábola e da sua aplicação teológica.
Os personagens centrais da parábola (vers 2-5) são uma viúva e um juiz. A viúva passava a vida a queixar-se do seu adversário e a exigir justiça; mas o juiz, “que não temia Deus nem os homens”, não lhe prestava qualquer atenção… No entanto, o juiz – apesar da sua dureza e insensibilidade – acabou por fazer justiça à viúva, a fim de se livrar definitivamente da sua insistência importuna.
Apresentada a parábola, vem a sua aplicação teológica (vers. 6-8). Se um juiz prepotente e insensível é capaz de resolver o problema da viúva por causa da sua insistência, Deus (que não é, nem de perto nem de longe, um juiz prepotente e sem coração) não iria escutar os “seus eleitos que por Ele clamam dia e noite e iria fazê-los esperar muito tempo?” Naturalmente, estamos diante de uma pergunta retórica. É evidente que, se até um juiz insensível acaba por fazer justiça a quem lhe pede com insistência, com muito mais motivo Deus – que é rico em misericórdia e que defende sempre os débeis – estará atento às súplicas dos seus filhos.
Dado o contexto em que a parábola aparece, é certo que Lucas pretende dirigir-se a uma comunidade cristã cercada pela hostilidade do mundo, que começava a ver no horizonte próximo o espectro das perseguições e que estava desanimada porque, aparentemente, Deus não escutava as súplicas dos crentes e não intervinha no mundo para salvar a sua Igreja. A resposta que Lucas deixa aos seus cristãos é a seguinte: ao contrário do que parece, Deus não abandonou o seu Povo, nem é insensível aos seus apelos; Ele tem o seu projecto, o seu plano e o seu tempo próprio para intervir… Aos crentes resta moderar a sua impaciência e confiar em que Ele não deixará de intervir para os libertar.
Que é que tudo isto tem a ver com a oração? Porque é que esta é uma parábola sobre a necessidade de rezar (“Jesus disse-lhes uma parábola sobre a necessidade de orar sempre, sem desanimar” – vers. 1)? Lucas pede aos cristãos a quem a mensagem se destina que, apesar do aparente silêncio de Deus, não deixem nunca de dialogar com Ele. É nesse diálogo que entendemos os projectos e os ritmos de Deus; é nesse diálogo que Deus transforma os nossos corações; é nesse diálogo que aprendemos a entregar-nos nas mãos de Deus e a confiar n’Ele. Sobretudo, que nada (nem o desânimo, nem a desconfiança perante o silêncio de Deus) nos leve a desistir de uma verdadeira comunhão e de um profundo diálogo com Deus.

ATUALIZAÇÃO
Na reflexão, podem ser considerados os seguintes aspectos:
• Porque é que Deus permite que tantos milhões de homens sobrevivam em condições tão degradantes? Porque é que os maus e injustos praticam arbitrariedades sem conta sobre os mais débeis e nenhum mal lhes acontece? Como é que Deus não intervém quando certas doenças incuráveis ameaçam dizimar muitos? Deus não intervém porque não quer saber dos homens e é insensível em relação àquilo que lhes acontece? É a isto que o Evangelho de hoje procura responder… Lucas está convicto de que Deus não é indiferente aos gritos de sofrimento e que não desistiu de intervir no mundo, a fim de construir o novo céu e a nova terra de justiça, de paz e de felicidade para todos… Simplesmente, Deus tem projectos e planos que nós, na nossa ânsia e impaciência, não conseguimos perceber. Deus tem o seu ritmo – um ritmo que passa por não forçar as coisas, por respeitar a liberdade do homem… A nós restanos respeitar a lógica de Deus, confiar n’Ele, entregarmo-nos nas suas mãos.
• Para que Deus e os seus projectos façam sentido ou, pelo menos, para que a aparente falta de lógica dos planos de Deus não nos lancem no desespero e na revolta, é preciso manter com Ele uma relação de comunhão, de intimidade, de diálogo. Através da oração, percebemos quem Deus é, percebemos o seu amor e a sua misericórdia, descobrimos a sua bondade e a sua justiça… E, dessa forma, constatamos que Ele não é indiferente à sorte dos pobres e que tem um projecto de salvação para todos os homens. A oração é o caminho para encontrarmos o amor de Deus.
• O diálogo que mantemos com Deus não pode ser um diálogo que interrompemos quando deixamos de perceber as coisas ou quando Deus parece ausente; mas é um diálogo que devemos manter, com perseverança e insistência. Quem ama de verdade, não corta a relação à primeira incompreensão ou à primeira ausência. Pelo contrário, a espera e a ausência provam o amor e intensificam a relação.
• A oração não é uma fórmula mágica e automática para levar Deus a fazer-nos as vontades… Muitas vezes, Deus terá as suas razões para não dar muita importância àquilo que Lhe pedimos: às vezes pedimos a Deus coisas que nos compete a nós conseguir; outras vezes, pedimos coisas que nos parecem boas, mas que a médio prazo podem roubar-nos a felicidade; outras vezes, ainda, pedimos coisas que são boas para nós, mas que implicam sofrimento e injustiça para os outros… É preciso termos consciência disto; e quando parece que Deus não nos ouve, perguntemos a nós próprios se os nossos pedidos farão sentido, à luz da lógica de Deus.


Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido – Pe. Manuel Barbosa – Pe. Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Santo Inácio de Antioquia




Quem foi ele?
Embora oriundo de Antioquia, seu nome deriva do latim: igne = fogo, e natus = nascido. Ignatius é bem o homem nascido do fogo, ardente, apaixonado pelo Cristo, pela Igreja, pela unidade e pelo desejo de imitação de seu mestre. Quase nada sabemos de seus pais, de sua formação, se era de família cristã ou convertido. Alguns, conforme Eusébio, dizem que fora o segundo bispo de Antioquia: “Mas, depois que Evódio fora estabelecido o primeiro sobre os antioquenos, Inácio, o segundo, reinava no tempo do qual falamos” (HE, III, 22). Pelos fins do século IV, Jerônimo dizia que “Inácio, terceiro bispo, depois do apóstolo Pedro, da Igreja de Antioquia, foi enviado a Roma, condenado às feras durante a perseguição movida por Trajano” (De Viris Illustribus, XVI). A liturgia bizantina, em sua memória, não acrescenta dados biográficos, mas ressalta traços marcantes de sua personalidade: “Êmulo dos apóstolos em sua vida, sucessor deles sobre seus tronos, tu entrastes na prática das virtudes, ó inspirado de Deus, o caminho que conduz à contemplação. Assim, dispensando fielmente a palavra de verdade, lutastes pela fé até ao sangue, ó pontífice mártir Inácio. Roga a Cristo para que salve nossas almas”.
A Igreja o celebra a 17 de outubro. A escolha do evangelho da celebração alude à lenda que pretende ver naquela criança que Jesus tomou nos braços, em Mc 9,33, o menino Inácio. Daí ser cognominado “Theóforos”, isto é, “Portador de Deus”. Inácio tornou-se célebre por sua peregrinação forçada, em cadeias, de Antioquia à Roma, por volta dos anos 107-110. Nas paradas que fazia para descanso, escrevia às comunidades que o tinham recebido ou que lhe enviara uma embaixada com saudações. Não se sabe se, realmente, chegou à Roma, nem se, de fato, seu martírio foi consumado. Para Eusébio, há apenas uma “tradição” que diz que foi enviado da Síria para Roma para sofrer o martírio. Vejamos como Eusébio situa Inácio: “Naquele tempo, florescia na Ásia um companheiro dos apóstolos, Policarpo, (…). ao mesmo tempo que eles igualmente eram conhecidos Pápias, bispo também ele da Igreja de Hierápolis, e o homem ainda hoje celebrado pelas multidões, Inácio, que tinha obtido, na sequência da sucessão de Pedro, o segundo lugar. A tradição contra que ele foi enviado da Síria à cidade de Roma para se tornar o alimento das feras, por causa do testemunho pelo Cristo. Enquanto viajava através da Ásia sob a vigilância atenta dos guardas, confirmava as Igrejas com seus colóquios e suas exortações em todas as cidades por onde passava” (HE, III, 36,1-4).
Quanto ao seu martírio, Eusébio o data, no livro das crônicas, pelo ano décimo do reinado de Trajano, isto é, 107 d.C. mas, a julgar pela HE, III, 33,36, Eusébio não tinha informações cronológicas seguras. Tratava-se, para ele, de situar a carta de Plínio a Trajano de modo aproximativo. Não se pode, pois, confiar nesta data, como se a prisão de Inácio se devesse à perseguição de que fala a carta de Plínio. Quase todos os especialistas concordam em aceitar o ano 110 d.C. como o mais provável.
A História de Nossa Senhora Aparecida



A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada por dois pescadores do Rio Paraíba do Sul, na região de Guaratinguetá, estado de São Paulo, por volta do ano de 1717. Os pescadores Domingos Martins Garcia, João Alves e Filipe Pedroso já pescavam há bastante tempo, sem que conseguissem tirar peixe algum das águas do rio. Foi quando João trouxe em sua rede a parte correspondente ao corpo da imagem e, depois, lançando a rede um pouco mais distante, trouxe nela a cabeça da Senhora. Dali por diante, a pescaria tornou-se copiosa e, receosos de que a quantidade de peixe trazida para os barcos ocasionasse um naufrágio, os três amigos voltaram para casa, trazendo a imagem e contando a todos o prodígio que haviam vivido.
O culto à Senhora não tardou a tomar vulto. À imagem, que representa Nossa Senhora da Conceição, logo foi dado o nome de Aparecida, por ter aparecido do meio das águas nas mãos dos pescadores. Inicialmente instalada em uma capela na vila dos pescadores, já por volta do ano de 1745 teve sua primeira igreja oficial, em torno da qual viria a nascer o povoado e o santuário de Aparecida.
A consagração de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil ocorreu em 31 de maio de 1931, em uma celebração que reuniu, já naquela época, um milhão de pessoas. Os padres redentoristas, responsáveis pelo Santuário Nacional de Aparecida, foram os grandes animadores da construção da Basílica que hoje abriga a imagem da Senhora. O projeto grandioso teve início em 1955, com a concretagem da nave norte. Construído em forma de cruz, possui capacidade para abrigar 45.000 pessoas e possui uma infraestrutura especial para o atendimento de romeiros que procuram o lugar durante todo o ano para prestar culto à Padroeira. No dia 04 de julho de 1980, o papa João Paulo II, em missa celebrada no Santuário, consagrou a Basílica, que recebeu o título de Basílica Menor.
Durante todo o ano acorrem ao Santuário romarias organizadas por grupos religiosos. Algumas, porém, são bastante inusitadas e merecem destaque. No terceiro domingo de maio, ocorre a Moto-romaria, onde motociclistas do Brasil, e de outros países da América Latina, se reúnem no local. No 3º sábado de junho, celebra-se o Dia Nacional do Migrante. E, em 7 de setembro, desde 1995, realiza-se o Grito dos Excluídos, que coincide com a Romaria dos Trabalhadores.



Oração à Nossa Senhora Aparecida

Nossa Senhora Aparecida, aqui tendes, diante de vossa imagem, o vosso Brasil, o Brasil que vem novamente consagrar-se à vossa maternal proteção.
Escolhendo-vos por especial padroeira e advogada de nossa Pátria, nós queremos que ela seja inteiramente vossa.
Que seja vossa a sua natureza exuberante, vossas as suas riquezas, vossos os campos e as montanhas, os vales e os rios, vossas as cidades e as indústrias, vossa a sociedade, os lares e seus habitantes com tudo o que possuem, vosso, enfim, todo o Brasil.
Sim, Senhora da Conceição Aparecida, o Brasil é vosso. Por vossa intercessão temos recebido todos os bens que Deus nos prodigalizou e muitos ainda esperamos receber.
Obrigado por tudo, Virgem Mãe Aparecida. Abençoai, Senhora, o Brasil que vos agradece, o Brasil que vos ama, o Brasil que é vosso.
Protegei a Santa Igreja, preservai a nossa fé, defendei o Santo Padre, assisti os nossos bispos, santificai o nosso clero, amparai o nosso povo, esclarecei o nosso governo, guiai a nossa mente no caminho do bem e da verdade.
Rainha do Brasil, mãe de todos os brasileiros, venha a nós o amoroso reino do Pai. Por vossa mediação, venha à nossa pátria o Reino de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso. Amém.

Fonte: folhetos entregues na Basilica de Aparecida

domingo, 3 de outubro de 2010

Pensamento da Semana








“O verdadeiro amor de Deus exclui qualquer outro apego.”
(Santa Paula Elizabete Cerioli)
2ª parte: a filha



Constancia Onorata nasceu na pequena cidade de Soncino em 28 de janeiro de 1816, num tempo de muito diverso do nosso, mas, como cada tempo, semelhante ao nosso: os seus pais eram o conde Francisco Domenico e a condessa Francisca Corniani, gente nobre e rica.
Ao nascer a chamaram com um duplo nome: Constancia e Onorata. Cada nome trás consigo um destino. Realmente ela foi constante (Constancia) e fiel em toda a sua vida, mas antes honrada (Onorata) e estimada antes pelas suas amigas, depois pelos pobres e hoje por toda a gente.
Apenas nasceu e começa a respirar com dificuldade, dando sinal de visível sofrimento e o diagnostico medico é de um grave (fraca pulsação cardíaca). O pai logo acha oportuno batizar rápido em casa mesmo. Será batizada então, no dia 02 de fevereiro, na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Soncino. O ritual foi simples e rápido, com todos os olhares fixos na pequena menina que lutava pela vida, a qual será conquistada dia após dia, confiando no medico e subvertendo as falsas esperanças.
Constancia era a ultima dos 16 filhos. Quando ela nasceu eram vivos apenas seis de seus irmãos. Nasce rica, em um belíssimo palácio, entre mobílias preciosas, riquezas e atenções. Mesmo pertencendo à classe nobre, a sua mãe não deixava de dar um pedaço de pão ou uma roupa aos pobres e aos empregados da tecelagem que, cotidianamente, batiam na porta do palácio. E freqüentemente ia encontrá-los nas suas simples casas e levava consigo Constancia: por esse motivo era conhecida em toda a cidade como a ‘mãe dos pobres’.
Da sua mãe, Constancia aprendeu pouco a pouco a abrir os olhos e o coração ás crianças pobres, principalmente aos órfãos, que não haviam um pai para admirar, e uma mãe que os amassem, e se comovia diante de tanta infelicidade, questionando-se sempre “porque no mundo há tanta injustiça? E Deus a onda está?



Revista Famiglia Nostra. Fevereiro de 2008, pg. 3

Os Santos Padres da Igreja
São Clemente de Roma



São Clemente de Roma (†102), Papa (88-97), foi o terceiro sucessor de São Pedro, nos tempos dos imperadores romanos Domiciano e Trajano (92 a 102). No depoimento de Santo Ireneu “ele viu os Apóstolos e com eles conversou, tendo ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento”. (Contra as heresias)
XXVII Domingo do Tempo Comum (Ano C)





TEMA
Na Palavra de Deus que hoje nos é proposta, cruzam-se vários temas (a fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino”, etc.); mas sobressai a reflexão sobre a atitude correcta que o homem deve assumir face a Deus. As leituras convidam-nos a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o “Reino” sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.
Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado… Deus, em resposta, confirma a sua intenção de actuar no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento oportuno, de acordo com o seu projecto; ao homem, resta confiar e esperar pacientemente o “tempo de Deus”.
O Evangelho convida os discípulos a aderir, com coragem e radicalidade, a esse projecto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao homem… A essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a instauração do “Reino” no mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do “Reino” devem, no entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas, instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o seu papel com humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.
A segunda leitura convida os discípulos a renovar cada dia o seu compromisso com Jesus Cristo e com o “Reino”. De forma especial, o autor exorta os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do Evangelho.

EVANGEHO – LUCAS 17,5-10
"Naquele tempo, os Apóstolos disseram ao Senhor:
«Aumenta a nossa fé».
O Senhor respondeu:
«Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira:
‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia.
Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele volta do campo:
‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes:
‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido.
Depois comerás e beberás tu.
Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou?
Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei:
‘Somos inúteis servos:
fizemos o que devíamos fazer’»."


AMBIENTE
Continuamos a percorrer o “caminho de Jerusalém” e a deparar com as “lições” que preparam os discípulos para o desafio de compreender e de dar testemunho do
“Reino”. Desta vez, o nosso texto junta um “dito” de Jesus sobre a fé e uma parábola que convida à humildade.
Nas “etapas” anteriores, Jesus tinha avisado os discípulos da dificuldade de percorrer o “caminho do Reino” (disse-lhes que entrar no “Reino” é “entrar pela porta estreita” – Lc 13,24; convidou-os à humildade e à gratuidade – cf. Lc 14,7-14; avisou-os de que é preciso amar mais o “Reino” do que a própria família, os próprios interesses ou os próprios bens – cf. Lc 14,26-33; exigiu-lhes o perdão como atitude permanente – cf. Lc 17,5-6); agora, são os discípulos que, preocupados com a exigência do “Reino”, pedem mais “fé”.
O “dito” sobre a fé que ocupa a primeira parte do Evangelho que hoje nos é proposto aparece numa forma um pouco diferente em Mt 17,20 (um “dito” análogo lê-se também em Mc 11,23 e Mt 21,21, a propósito da figueira seca). No estado actual do texto, é muito difícil definir o contexto original do “dito” de Jesus, o seu enquadramento e o seu significado… Aqui, no entanto, ele serve a Lucas para manifestar a preocupação dos discípulos com a dificuldade em percorrer esse difícil “caminho do Reino”.

MENSAGEM
A primeira parte do nosso texto é, portanto, constituída por um “dito” sobre a fé (vers.
5-6). Depois das exigências que Jesus apresentou, quanto ao caminho que os discípulos devem percorrer para alcançar o “Reino”, a resposta lógica destes só pode ser: “aumenta-nos a fé”. O que é que a fé tem a ver com a exigência do “Reino”? No Novo Testamento em geral e nos sinópticos em particular, a fé não é, primordialmente, a adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstractas sobre Deus; mas é a adesão a Jesus, à sua proposta, ao seu projecto – ou seja, ao projecto do “Reino”. No entanto, os discípulos têm consciência de que essa adesão não é um caminho cómodo e fácil, pois supõe um compromisso radical, a vitória sobre a própria fragilidade, a coragem de abandonar o comodismo e o egoísmo para seguir um caminho de exigência… Pedir a Jesus que lhes aumente a fé significa, portanto, pedirlhe que lhes aumente a coragem de optar pelo “Reino” e pela exigência que o “Reino” comporta; significa pedir que lhes dê a decisão para aderirem incondicionalmente à proposta de vida que Jesus lhes veio apresentar.
Jesus aproveita, na sequência, para recordar aos discípulos o resultado da “fé”. A imagem utilizada por Jesus (a ordem dada à “amoreira” para se arrancar da terra e ir plantar-se a ela própria no mar) mostra que, com a “fé” tudo é possível: quando se adere a Jesus e ao “Reino” com coragem e determinação, isso implica uma transformação completa da pessoa do discípulo e, em consequência, uma transformação do mundo que o rodeia. Aderir ao “Reino” com radicalidade é ter na mão a chave para mudar a história, mesmo que essa transformação pareça impossível… O discípulo que adere ao “Reino” com coragem e determinação é capaz de autênticos “milagres”… E isto não é conversa fiada: quantas vezes a tenacidade e a coragem dos discípulos de Jesus transformam a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em liberdade! Na segunda parte do nosso texto (vers. 7-10), Lucas descreve a atitude que o homem deve assumir diante de Deus. Os fariseus estavam convencidos de que bastava cumprir os mandamentos da Torah para alcançar a salvação: se o homem cumprisse as regras, Deus não teria outro remédio senão salvá-lo… A salvação dependia, de acordo com esta perspectiva, dos méritos do homem. Deus seria, assim, apenas um contabilista, empenhado em fazer contas para ver se o homem tinha ou não direito à salvação… Jesus coloca as coisas numa dimensão diferente. A atitude do discípulo – desse discípulo que adere a Jesus e ao “Reino”, que faz as “obras do Reino” e que constrói o
“Reino” – frente a Deus não deve ser a atitude de quem sente que fez tudo muito bem feito e que, por isso, Deus lhe deve algo; mas deve ser a atitude de quem cumpre o seu papel com humildade, sentindo-se um servo que apenas fez o que lhe competia.
O que Jesus nos pede no Evangelho de hoje é que percorramos, com coragem e empenho, o “caminho do Reino”. Quando o discípulo aceita percorrer esse caminho, é capaz de operar coisas espantosas, milagres que transformam o mundo… E, cumprida a sua missão, resta ao discípulo sentir-se servo humilde de Deus, agradecer-lhe pelos seus dons, entregar-se confiada e humildemente nas suas mãos.

ATUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir das seguintes coordenadas:
• A “fé” é, antes de mais, a adesão à pessoa de Jesus Cristo e ao seu projecto. Posso dizer, de facto, que é a “fé” que conduz e que anima a minha vida? Jesus é o eixo central à volta do qual se constrói a minha existência? É Jesus que marca o ritmo e a cor das minhas opções e dos meus projectos?
• O “Reino” é uma realidade sempre “a fazer-se”; mas apresentam-se, com frequência, situações de injustiça, de violência, de egoísmo, de sofrimento, de morte, que impedem a concretização do “Reino”. Como é que eu – homem ou mulher de fé – ajo, nessas circunstâncias? A minha “fé” em Jesus conduz-me a um empenho concreto pelo “Reino” e entusiasma-me a lutar contra tudo o que impede a concretização do “Reino”? A minha “fé” nota-se nos meus gestos? Há algo de novo à minha volta pelo facto de eu ter aderido a Jesus e pelo facto de eu estar a percorrer o “caminho do Reino”? Quais são os “milagres” que a minha “fé” pode fazer?
• Nós, homens, somos, com frequência, muito ciosos dos nossos direitos, dos nossos créditos, daquilo que nos devem pelas nossas boas acções. Quando transportamos isto para a relação com Deus, construímos um deus que não é mais do que um contabilista, que escreve nos seus livros os nossos créditos e os nossos débitos, a fim de nos pagar religiosamente, de acordo com os nossos merecimentos… Na realidade – diz-nos o Evangelho de hoje – não podemos exigir nada de Deus: existimos para cumprir, humildemente, o papel que Ele nos confia, para acolher os seus dons e para O louvar pelo seu amor. É nesta atitude que o discípulo de Jesus deve estar sempre.
• De certas pessoas diz-se que “não dão ponto sem nó”, para descrever o seu egoísmo e as suas atitudes interesseiras. Porque é que fazemos as coisas? O que é que motiva as nossas acções e gestos: o amor desinteressado, ou o interesse pela retribuição?


Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido – Pe. Manuel Barbosa – Pe. Ornelas Carvalho

segunda-feira, 20 de setembro de 2010


Pensamento da Semana




"Pensamos em Deus, pelo qual vivemos e agimos; Ele somente deve ser o objeto dos nossos pensamentos e desejos".


(Santa Paula Elizabete Cerioli)

sábado, 18 de setembro de 2010

XXV Domingo do Tempo Comum (Ano C)





TEMA
A liturgia sugere-nos, hoje, uma reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida. De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do “Reino”.
Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia os comerciantes sem escrúpulos, preocupados em ampliar sempre mais as suas riquezas, que apenas pensam em explorar a miséria e o sofrimento dos pobres. Amós avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em claro aos olhos de Deus.
O Evangelho apresenta a parábola do administrador astuto. Nela, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo eram caducos e precários e que os usou para assegurar valores mais duradouros e consistentes… Jesus avisa os seus discípulos para fazerem o mesmo.
Na segunda leitura, o autor da Primeira Carta a Timóteo convida os crentes a fazerem do seu diálogo com Deus uma oração universal, onde caibam as preocupações e as angústias de todos os nossos irmãos, sem excepção. O tema não se liga, directamente, com a questão da riqueza (que é o tema fundamental da liturgia deste domingo); mas o convite a não ficar fechado em si próprio e a preocupar-se com as dores e esperanças de todos os irmãos, situa-nos no mesmo campo: o discípulo é convidado a sair do seu egoísmo para assumir os valores duradouros do amor, da partilha, da fraternidade.


EVANGELHO – Lc 16,1-13
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar’. O administrador disse consigo: ‘Que hei-de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho força, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei-de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’. Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes. Ora Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas, também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».”

AMBIENTE
O Evangelho que nos é proposto apresenta-nos mais um passo do “caminho para Jerusalém”. Desta vez, Jesus não Se dirige aos fariseus, mas aos discípulos e, através deles, aos crentes de todos os tempos… Com uma história que apresenta contornos de caso real, tirado da vida, Jesus instrui os discípulos acerca da forma como se hão-de situar face aos bens deste mundo.

MENSAGEM
A mensagem essencial aqui apresentada gira, portanto, à volta da sábia utilização dos bens deste mundo: eles devem servir para garantir outros bens, mais duradouros.
Na primeira parte do nosso texto (vers. 1-9) apresenta-se a parábola de um administrador sagaz. A parábola conta-nos a história de um homem que é acusado de administrar de forma incompetente (possivelmente desonesta) os bens do patrão.
Chamado a contas e despedido, este homem tem a preocupação de assegurar o futuro. Chama os devedores do patrão e reduz-lhes consideravelmente as quantias em dívida. Dessa forma – supõe ele – os devedores beneficiados não esquecerão a sua generosidade e, mais tarde, manifestar-lhe-ão a sua gratidão e acolhê-lo-ão em sua casa. Como justificar o proceder deste administrador, que assegura o futuro à custa dos bens do seu senhor? Porque é que o senhor, prejudicado nos seus interesses, não tem uma palavra de reprovação ao inteirar-se do prejuízo recebido? Como pode Jesus dar como exemplo aos discípulos as aldrabices de um tal administrador? Estas dificuldades desaparecem se entendemos esta história tendo em conta as leis e costumes da Palestina nos tempos de Jesus. O administrador de uma propriedade actuava em nome e em lugar do seu senhor; como não recebia remuneração, podia ressarcir-se dos seus gastos a expensas dos devedores.
Habitualmente, ele fornecia um determinado número de bens, mas o devedor ficava a dever muito mais; a diferença era a “comissão” do administrador. Deve ser isso que serve de base à nossa história… Dos cem “baths” de azeite (uns 3.700 litros) consignados no recibo (vers. 6), só uns cinquenta haviam sido, na realidade, emprestados; os outros cinquenta constituíam o reembolso dos gastos do administrador e a exorbitante “comissão” que lhe devia ser paga pela operação.
Provavelmente, o que este administrador sagaz fez foi renunciar ao lucro que lhe era devido, a fim de assegurar a gratidão dos devedores: renunciou a um lucro imediato, a fim de assegurar o seu futuro. Este administrador (se ele é chamado “desonesto” – vers. 8 – não o é por este gesto, mas pelos actos anteriores, que até levaram o patrão a despedi-lo) é um exemplo pela sua habilidade e sagacidade: ele sabe que o dinheiro tem um valor relativo e troca-o por outros valores mais significativos – a amizade, a gratidão. Jesus conclui a história convidando os discípulos a serem tão hábeis como este administrador (vers. 9): os discípulos devem usar os bens deste mundo, não como um fim em si mesmo, mas para conseguir algo mais importante e mais duradouro (o que, na lógica de Jesus, tem a ver com os valores do “Reino”).
Na segunda parte do texto (vers. 10-13), Lucas apresenta-nos uma série de “sentenças” de Jesus sobre o uso do dinheiro (originariamente, estas “sentenças” não tinham nada a ver com o contexto desta parábola). No geral, essas “sentenças” avisam os discípulos para o bom uso dos bens materiais: se sabemos utilizá-los tendo em conta as exigências do “Reino”, seremos dignos de receber o verdadeiro bem, quando nos encontrarmos definitivamente com o Senhor ressuscitado.

ATUALIZAÇÃO
A reflexão e partilha podem considerar as seguintes linhas:
• O mundo em que vivemos decidiu que o dinheiro é o deus fundamental e que tudo deixa de ter importância, desde que se possam acrescentar mais uns números à conta bancária. Para ganhar mais dinheiro, há quem trabalhe doze ou quinze horas por dia, num ritmo de escravo, e prescinda da família e dos amigos; por dinheiro, há quem sacrifique a sua dignidade e apareça a expor, diante de uma câmara de televisão, a sua intimidade e a sua privacidade; por dinheiro, há quem venda a sua consciência e renuncie a princípios em que acredita; por dinheiro, há quem não tenha escrúpulos em sacrificar a vida dos seus irmãos e venda drogas e armas que matam; por dinheiro, há quem seja injusto, explore os seus operários, se recuse a pagar o salário do mês porque o trabalhador é ilegal e não se pode queixar às autoridades… Que pensamos disto? Ser escravo dos bens é algo que só acontece aos outros? Talvez não cheguemos, nunca, a estes casos extremos; mas até onde seríamos capazes de ir por causa do dinheiro?
• Jesus avisa os discípulos de que a aposta obsessiva no “deus dinheiro” não é o caminho mais seguro para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade. É preciso – sugere Ele – que saibamos aquilo em que devemos apostar… O que é, para nós, mais importante: os valores do “Reino” ou o dinheiro? Na nossa actividade profissional, o que é que nos move: o dinheiro, ou o serviço que prestamos e a ajuda que damos aos nossos irmãos? O que é que nos torna mais livres, mais humanos e mais felizes: a escravidão dos bens ou o amor e a partilha?
• Todo este discurso não significa que o dinheiro seja uma coisa desprezível e imoral, do qual devamos fugir a todo o custo. O dinheiro (é preciso ter os pés bem assentes na terra) é algo imprescindível para vivermos neste mundo e para termos uma vida com qualidade e dignidade… No entanto, Jesus recomenda que o dinheiro não se torne uma obsessão, uma escravidão, pois Ele não nos assegura (e muitas vezes até perturba) a conquista dos valores duradouros e da vida plena.

Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido – Pe. Manuel Barbosa – Pe. Ornelas Carvalho

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os Santos Padres da Igreja







Chamamos de «Padres da Igreja» (Patrística) aqueles grandes homens da Igreja, aproximadamente do século II ao século VII, que foram no Oriente e no Ocidente como que «Pais» da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentaram muitas heresias e, de certa forma foram responsáveis pelo que chamamos hoje de Tradição da Igreja; sem dúvida, são a sua fonte mais rica. Certa vez disse o Cardeal Henri de Lubac:
«Todas as vezes que, no Ocidente tem florescido alguma renovação, tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida – ambas estão sempre ligadas uma à outra – tal renovação tem surgido sob o signo dos Padres.»
Gostaria de apresentar aqui ao menos uma relação, ainda que incompleta, desses gigantes da fé e da Igreja, que souberam fixar para sempre o que Jesus nos deixou através dos Apóstolos.


1. S. Clemente de Roma (†102), Papa de Roma (88 - 97)
2. Santo Inácio de Antioquia (†110)
3. Aristides de Atenas (†130)
4. São Policarpo de Esmira (†156)
5. Pastor de Hermas (†160)
6. Aristides de Atenas (†160)
7. São Hipólito de Roma (160 - 235)
8. São Justino (†165)
9. Militão de Sardes (†177)
10. Atenágoras (†180)
11. São Teófilo de Antioquia (†181)
12. Orígenes de Alexandria (184 - 254)
13. Santo Ireneu (†202)
14. Tertuliano de Cartago (†220)
15. São Clemente de Alexandria (†215)
16. Metódio de Olimpo (sec.III)
17. São Cipriano de Cartago (210-258)
18. Novaciano (†257)
19. São Atanásio de Alexandria(295 -373)
20. São Efrém - (306 - 373), diácono, Mesopotânia
21. São Hilário de Poitiers - bispo (310 - 367)
22. São Cirilo de Jerusalém, bispo (315 - 386)
23. São Basílio Magno, bispo (330 - 369) - Cesaréia
24. São Gregório Nazianzeno - (330 - 379), bispo
25. São Ambrósio - (340 - 397), bispo, Treves - Itália
26. Eusébio de Cesaréia (340)
27. São Gregório de Nissa (340)
28. Prudêncio (384 - 405)
29. São Jerônimo ( 348 - 420), presbítero Strido, Itália
30. São João Cassiano (360 - 407)
31. São João Crisóstomo - (349 - 407), bispo
32. São Agostinho - (354 - 430), bispo
33. Santo Efrém (†373)
34. Santo Epifânio (†403)
35. São Cirilo de Alexandria - (370 - 442), bispo
36. São Pedro Crisólogo - (380 - 451), bispo, Itália
37. São Leão Magno (400 - 461), papa de Roma - Toscana, Itália
38. São Paulino de Nola (†431) - Sedúlio (sec V)
39. São Vicente de Lerins (†450)
40. São Pedro Crisólogo (†450)
41. São Bento de Núrcia (480 - 547)
42. São Venâncio Fortunato (530-600)
43. São Ildefonso de Toledo (617 - 667)
44. São Máximo Confessor (580-662)
45. São Gregório Magno (540 - 604), Papa de Roma
46. São Ildefonso de Sevilha (†636)
47. São Germano de Constantinopla - (610-733)
48. São João Damasceno (675 - 749), bispo, Damasco

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pensamento da Semana




“A vida de cristo seja o vosso exemplo. Maria a vossa ajuda”.


(Santa Paula Elizabete Cerioli)
Nossa Senhora das Dores

Festa: 15 de Setembro



Ladainha de Nossa Senhora das Dores

D- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
R- Amém!


Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai, que estais nos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do Mundo, tende piedade de nós.
Espírito Santo Paráclito, tende piedade de nós.
Trindade Santa, Deus uno e Trino, tende piedade de nós.
Mãe de Jesus crucificado, rogai por nós.
Mãe do Coração Transpassado, rogai por nós.
Mãe do Cristo Redentor, rogai por nós.
Mãe dos discípulos de Jesus, rogai por nós.
Mãe dos redimidos, rogai por nós.
Mãe dos viventes, rogai por nós.
Virgem obediente, rogai por nós.
Virgem oferente, rogai por nós.
Virgem fiel, rogai por nós.
Virgem do silêncio, rogai por nós.
Virgem da espera, rogai por nós.
Virgem da Páscoa, rogai por nós.
Virgem da Ressurreição, rogai por nós.
Mulher que sofreu o exílio, rogai por nós.
Mulher forte, rogai por nós.
Mulher corajosa, rogai por nós.
Mulher do sofrimento, rogai por nós.
Mulher da Nova Aliança, rogai por nós.
Mulher da Esperança, rogai por nós.
Nova Eva, rogai por nós.
Colaboradora na salvação, rogai por nós.
Serva da reconciliação, rogai por nós.
Defesa dos inocentes, rogai por nós.
Coragem dos perseguidos, rogai por nós.
Fortaleza dos oprimeidos, rogai por nós.
Esperança dos pecadores, rogai por nós.
Consolação dos aflitos, rogai por nós.
Refúgio dos marginalizados, rogai por nós.
Conforto dos exilados, rogai por nós.
Sustento dos fracos, rogai por nós.
Alívio dos enfermos, rogai por nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
D- Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Amém.


Oração
Ó Deus, por vosso admirável desígnio, dispusestes prolongar a Paixão do vosso Filho, também nas infinitas cruzes da humanidade.
Nós Vos pedimos: assim com o quisestes que ao pé da Cruz do Vosso Filho, estivesse Sua Mãe, da mesma forma, à imitação da Virgem Maria, possamos estar sempre ao lado dos nossos irmãos que sofrem, levando amor e consolo.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

sábado, 4 de setembro de 2010

XXIII Domingo do Tempo Comum (Ano C)




TEMA
A liturgia deste domingo convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do “Reino”. Optar pelo “Reino” não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida.
É, sobretudo, o Evangelho que traça as coordenadas do “caminho do discípulo”: é um caminho em que o “Reino” deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem tomar contacto com esta proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se tem forças para a acolher… Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o “Reino” e se embarca nessa aventura a tempo inteiro e “a fundo perdido”, ou não vale a pena começar algo que não vai levar a lado nenhum (porque não é um caminho que se percorra com hesitações e com “meias tintas”).
A primeira leitura lembra a todos aqueles que não conseguem decidir-se pelo “Reino” que só em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida. Há, portanto, aí, um encorajamento implícito a aderir ao “Reino”: embora exigente, é um caminho que leva à felicidade plena.
A segunda leitura recorda que o amor é o valor fundamental, para todos os que aceitam a dinâmica do “Reino”; só ele permite descobrir a igualdade de todos os homens, filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo. Aceitar viver na lógica do “Reino” é reconhecer em cada homem um irmão e agir em consequência.

EVANGELHO – Lc 14,25-33
"Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes: «Se alguém vem ter comigo, sem Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo. Quem de entre vós, que, desejando construir uma torre, Não se senta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois de assentar os alicerces, se mostre incapaz de a concluir e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir’. E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro a considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra com ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz. Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo".

MENSAGEM
Quais são então, na perspectiva de Jesus, as exigências fundamentais para quem quer seguir o “caminho do discípulo” e chegar a sentar-se à mesa do “Reino”? Jesus põe três exigências, todas elas subordinadas ao tema da renúncia.
A primeira exige o preferir Jesus à própria família (vers. 26). A este propósito, Lucas põe na boca de Jesus uma expressão muito forte. Literalmente, podemos traduzir o verbo “misséô” aqui utilizado como “odiar” (“quem não odeia o pai, a mãe… não pode ser meu discípulo”). Para ser discípulo, é preciso odiar alguém? Não. Segundo a maneira oriental de falar, “odiar” significa “pôr em segundo lugar algo porque, entretanto, apareceu na vida da pessoa um valor que ainda é mais importante”. É evidente que Jesus não está a pedir o ódio a ninguém, muito menos a esses a quem nos ligam laços de amor… Está, sim, a exigir que as relações familiares não nos impeçam de aderir ao “Reino”. Se for necessário escolher, a prioridade deve ser do “Reino”.
A segunda exige a renúncia à própria vida (vers. 27). O discípulo de Jesus não pode viver a fazer opções egoístas, colocando em primeiro lugar os seus interesses, os seus esquemas, aquilo que é melhor para ele; mas tem de colocar a sua vida ao serviço do “Reino” e fazer da sua vida um dom de amor aos irmãos, se necessário até à morte. Foi esse, de facto, o caminho de Jesus; e o discípulo é convidado a imitar o mestre.
A terceira exige a renúncia aos bens (vers. 33). Jesus sabe que os bens podem facilmente transformar-se em deuses, tornando-se uma prioridade, escravizando o homem e levando-o a viver em função deles; assim sendo, que espaço fica para o “Reino”? Por outro lado, dar prioridade aos bens significa viver de forma egoísta, esquecendo as necessidades dos irmãos; ora, viver na dinâmica do “Reino” implica viver no amor e deixar que a vida seja dirigida por uma lógica de amor e de partilha… Pode, então, viver-se no “Reino” sem renunciar aos bens? Com este rol de exigências, fica claro que a opção pelo “Reino” não é um caminho de facilidade e, por isso, talvez não seja um caminho que todos aceitem seguir. É por isso que Jesus recomenda o pesar bem as implicações e as consequências da opção pelo “Reino”. A parábola do homem que, antes de construir uma torre, pensa se tem com que terminá-la (vers. 28-30) e a parábola do rei que, antes de partir para a guerra, pensa se pode opor-se a outro rei com forças superiores (vers. 31-32) convidam os candidatos a discípulos tomar consciência da sua força, da sua vontade, da sua decisão em corresponder aos desafios do Evangelho e em assumir, com radicalidade, as exigências do “Reino”.

Grupo DinamizadorPe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe. Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pensamento da Semana



"O verdadeiro amor de Deus se obtém com o recolhimento e a oração".

(Santa Paula Elizabete Cerioli)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

XXII Domingo do Tempo Comum (Ano C)



TEMA
A liturgia deste domingo propõe-nos uma reflexão sobre alguns valores que acompanham o desafio do “Reino”: a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado.
O Evangelho coloca-nos no ambiente de um banquete em casa de um fariseu. O enquadramento é o pretexto para Jesus falar do “banquete do Reino”. A todos os que quiserem participar desse “banquete”, Ele recomenda a humildade; ao mesmo tempo, denuncia a atitude daqueles que conduzem as suas vidas numa lógica de ambição, de luta pelo poder e pelo reconhecimento, de superioridade em relação aos outros… Jesus sugere, também, que para o “banquete do Reino” todos os homens são convidados; e que a gratuidade e o amor desinteressado devem caracterizar as relações estabelecidas entre todos os participantes do “banquete”.
Na primeira leitura, um sábio dos inícios do séc. II a.C. aconselha a humildade como caminho para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz. É a reiteração da mensagem fundamental que a Palavra de Deus hoje nos apresenta.
A segunda leitura convida os crentes instalados numa fé cômoda e sem grandes exigências, a redescobrir a novidade e a exigência do cristianismo; insiste em que o encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de proximidade, de amor, de intimidade, que dá sentido à caminhada do cristão. Aparentemente, esta questão não tem muito a ver com o tema principal da liturgia deste domingo; no entanto, podemos ligar a reflexão desta leitura com o tema central da liturgia de hoje – a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado – através do tema da exigência: a vida cristã – essa vida que brota do encontro com o amor de Deus – é uma vida que exige de nós determinados valores e atitudes, entre os quais avultam a humildade, a simplicidade, o amor que se faz dom.

EVANGELHO – Lc 14,1.7-14

“Naquele tempo, Jesus entrou, a um sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobre mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Jesus disse ainda a quem O tinha convidado: «Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem os teus vizinhos ricos, não seja que eles por sua vez te convidem e assim serás retribuído. Mas quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”.

MENSAGEM

O texto apresenta duas partes. A primeira (vers. 7-11) aborda a questão da humildade; a segunda (vers 12-14) trata da gratuidade e do amor desinteressado. Ambas estão unidas pelo tema do “Reino”: são atitudes fundamentais para quem quiser participar no banquete do “Reino”.
As palavras que Jesus dirigiu aos convidados que disputavam os lugares de honra não são novidade, pois já o Antigo Testamento aconselhava a não ocupar os primeiros lugares (cf. Prov 25,6-7); mas o que aí era uma exortação moral, nas palavras de Jesus converte-se numa apresentação do “Reino” e da lógica do “Reino”: o “Reino” é um espaço de irmandade, de fraternidade, de comunhão, de partilha e de serviço, que exclui qualquer atitude de superioridade, de orgulho, de ambição, de domínio sobre os outros; quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples, humilde e não ter pretensões de ser melhor, mais justo, ou mais importante que os outros. Esta é, aliás, a lógica que Jesus sempre propôs aos seus discípulos: Ele próprio, na “ceia de despedida”, comida com os discípulos na véspera da sua morte, lavou os pés aos discípulos e constituiu-os em comunidade de amor e de serviço – avisando que, na comunidade do “Reino”, os primeiros serão os servos de todos (cf. Jo 13,1-17).
Na segunda parte, Jesus põe em causa – em nome da lógica do “Reino” – a prática de convidar para o banquete apenas os amigos, os irmãos, os parentes, os vizinhos ricos.
Os fariseus escolhiam cuidadosamente os seus convidados para a mesa. Nas suas refeições, não convinha haver alguém de nível menos elevado, pois a “comunidade de mesa” vinculava os convivas e não convinha estabelecer obrigatoriamente laços com gente desclassificada e pecadora (por exemplo, nenhum fariseu se sentava à mesa com alguém pertencente ao “am aretz”, ao “povo da terra”, desclassificado e pecador).
Por outro lado, também os fariseus tinham a tendência – própria de todas as pessoas, de todas as épocas e culturas – de convidar aqueles que podiam retribuir da mesma forma… A questão é que, dessa forma, tudo se tornava um intercâmbio de favores e não gratuidade e amor desinteressado.
Jesus denuncia – em nome do “Reino” – esta prática; mas vai mais além e apresenta uma proposta verdadeiramente subversiva… Segundo Ele, é preciso convidar “os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos”. Os cegos, coxos e aleijados eram considerados pecadores notórios, amaldiçoados por Deus, e por isso estavam proibidos de entrar no Templo (cf. 2 Sm 5,8) para não profanar esse lugar sagrado (cf. Lv 21,18-23). No entanto, são esses que devem ser os convidados para o “banquete”.
Já percebemos que, aqui, Jesus já não está simplesmente a falar dessa refeição comida em casa de um fariseu, na companhia de gente distinta; mas está já a falar daquilo que esse “banquete” anuncia e prefigura: o banquete do “Reino”.
Jesus traça aqui, portanto, os contornos do “Reino”. Ele é apresentado como um “banquete”, onde os convidados estão unidos por laços de familiaridade, de irmandade, de comunhão. Para esse “banquete”, todos – sem excepção – são convidados (inclusive àqueles que a cultura social e religiosa tantas vezes exclui e marginaliza). As relações entre os que aderem ao banquete do “Reino” não serão marcadas pelos jogos de interesses, mas pela gratuidade e pelo amor desinteressado; e os participantes do “banquete” devem despir-se de qualquer atitude de superioridade, de orgulho, de ambição, para se colocarem numa atitude de humildade, de simplicidade, de serviço.

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 22º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 22º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. FAZER ECO DA PALAVRA.
Depois da comunhão (a mesa onde os pobres são reis…), poder-se-ia reler, em fundo musical, algumas passagens da liturgia da Palavra. Por exemplo: “cumpre todas as coisas com humildade…”; “vai sentar-te no último lugar…”; “convida aqueles que não têm nada para te retribuir…”

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.


Grupo DinamizadorPe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe. Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos)