Ofício das Trevas
Sexta-feira Santa da Paixão do
Senhor
Este
ofício é a recitação do Ofício de Leituras combinado com Laudes, na madrugada
ou manhã da Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor. Não se pode recitá-lo na
noite de Quinta-feira Santa nem durante a adoração após a Missa. Deve-se usar
outro local que não aquele em que está o monumento.
Havendo
sacerdote ou diácono, ele preside, de acordo com a precedência. Deve vestir
vestes corais de acordo com seu estado. Não se usam estolas ou pluviais. Os
demais clérigos usam também vestes corais. Se um sacerdote ou diácono presidir,
deve haver um cerimoniário e alguns acólitos, com sobrepelizes. Um dos acólitos
é o encarregado de extinguir as velas após os salmos. É bom haver um grupo de
cantores, para entoar os hinos, as antífonas e os salmos.
Se
apenas leigos celebrarem o Ofício, um deles dirigirá, com as adaptações
indicadas. Se esses leigos forem seminaristas ou religiosos, usarão veste talar
ou hábito, com sobrepeliz.
No
centro do local onde se celebra o Ofício das Trevas, preferencialmente no coro
antes do presbitério, coloca-se um ambão, de onde se dirá os salmos, leituras e
orações. O presbítero sentará na sede, acompanhado de dois diáconos, ou de um
diácono e o cerimoniário, ou do cerimoniário e outro acólito, se houver. Sendo
o diácono a presidir, senta-se ao seu lado o cerimoniário e outro acólito, se
houver. O Bispo senta-se no trono ou no faldistório, de acordo com as regras do
Cerimonial dos Bispos.
O
candelabro de trevas, constando de quinze velas, é colocado em frente ao altar,
à sua direita. Essas velas serão apagadas, aos poucos, durante o rito. Além do
candelabro de trevas, seis velas podem estar acesas no altar, como se faz
durante a Missa Solene, e serão apagadas durante o Benedictus. Um
apagador de velas é colocado perto do candelabro de trevas.
Não
se usa cruz processional nem velas processionais ou tochas durante o Ofício das
Trevas.
Dando
início à celebração, os clérigos em veste coral, cerimoniários, acólitos e
cantores ou coro entram em silêncio e reverência, de forma processional, vindo
o celebrante por último, e se aproximam do altar. Genuflectem ao Santíssimo
Sacramento, ou, em sua falta, inclinam-se profundamente diante do altar, e vão
para seus lugares.
Para
a extinção de cada vela, o acólito responsável pega o apagador, reverencia o
altar e vai ao candelabro para cumprir sua função.
No
invitatório, no hino, no Evangelho, no Benedictus, nas preces e na oração, bem
como na despedida, todos permanecem de pé. Nos salmos e leituras, permanecem
sentados, exceto quem lê ou entoa o salmo. Durante a frase que substitui o
responsório breve das Laudes, todos se ajoelham, bem como no momento apropriado
no Evangelho. No invitatório, faz-se o sinal-da-cruz na boca, e no Benedictus e
na bênção, o grande sinal-da-cruz.
Invitatório
V: † Abri os meus lábios,
ó Senhor.
R: E minha boca
anunciará vosso louvor.
Salmo 94 (95)
Convite ao louvor de
Deus
Animai-vos uns aos outros, dia após dia, enquanto ainda se disser
‘hoje’. (Hb 3,13)
Ant. O Cristo, o Filho de
Deus, com seu sangue nos remiu.
Vinde, exultemos de
alegria no Senhor; *
aclamemos o rochedo
que nos salva.
Ao seu encontro
caminhemos com louvores, *
e com cantos de
alegria o celebremos!
Ant. O Cristo, o Filho de
Deus, com seu sangue nos remiu.
Na verdade, o Senhor
é o grande Deus, *
o grande Rei, muito
maior que os deuses todos.
Tem nas mãos as
profundezas dos abismos, *
e as alturas das
montanhas lhe pertencem;
o mar é dele, pois
foi ele quem o fez, *
e a terra firme suas
mãos a modelaram.
Ant. O Cristo, o Filho de
Deus, com seu sangue nos remiu.
Vinde adoremos e
protremo-nos por terra, *
e ajoelhemos ante o
Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso
Deus, nosso Pastor, †
e nós somos o seu
povo e seu rebanho, *
as ovelhas que conduz
com sua mão.
Ant. O Cristo, o Filho de
Deus, com seu sangue nos remiu.
Oxalá ouvísseis hoje
a sua voz: †
"Não fecheis os
corações como em Meriba, *
como em Massa, no
deserto, aquele dia,
em que outrora vossos
pais me provocaram, *
apesar de terem visto
as minhas obras. "
Ant. O Cristo, o Filho de
Deus, com seu sangue nos remiu.
Quarenta anos
desgostou-me aquela raça, †
e eu dise: "Eis
um povo transviado, *
seu coração não
conheceu os meus caminhos!"
E por isso lhes jurei
na minha ira: *
"Não entrarão no
meu repouso prometido! "
Ant. O Cristo, o Filho de
Deus, com seu sangue nos remiu.
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo, *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. O Cristo, o Filho de
Deus, com seu sangue nos remiu.
Ofício de Leituras
1 O fel lhe dão por
bebida
sobre o madeiro
sagrado.
Espinhos, cravos e a
lança
ferem seu corpo e seu
lado.
No sangue e água que
jorram,
mar, terra e céu são
lavados.
2 Ó Cruz fiel, sois a
árvore
mais nobre em meio às
demais,
que selva alguma
produz
com flor e frutos
iguais.
Ó lenho e cravos tão
doces,
um doce peso levais.
3 Árvore, inclina os
teus ramos,
abranda as fibras
mais duras.
A quem te fez
germinar
minora tantas
torturas.
Leito mais brando
oferece
ao Santo Rei das
alturas.
4 Só tu, ó Cruz,
mereceste
suster o preço do
mundo
e preparar para o
náufrago
um porto, em mar tão
profundo.
Quis o Cordeiro
imolado
banhar-te em sangue
fecundo.
5 Glória e poder à
Trindade.
Ao Pai e ao Filho,
louvor.
Honra ao Espírito
Santo.
Eterna glória ao
Senhor,
que nos salvou pela
graça
e nos remiu pelo
amor.
Ant.
1 Os reis de toda a terra se reúnem e conspiram os governos todos juntos
contra o Deus onipotente e o seu Ungido.
Salmo 2
O Messias rei e vencedor
Uniram-se contra Jesus, teu santo
servo, a quem ungiste (At 4,27).
Por que os povos
agitados se revoltam? *
por que tramam as
nações projetos vãos?
Por que os reis de
toda a terra se reúnem, †
e conspiram os
governos todos juntos *
contra o Deus
onipotente e o seu Ungido?
“Vamos quebrar suas
correntes”, dizem eles, *
“e lançar longe de
nós o seu domínio!”
Ri-se deles o que
mora lá nos céus; *
zomba deles o Senhor
onipotente.
Ele, então, em sua
ira os ameaça, *
e em seu furor os faz
tremer, quando lhes diz:
“Fui eu mesmo que
escolhi este meu Rei, *
e em Sião, meu monte
santo, o consagrei!”
O decreto do Senhor
promulgarei, †
foi assim que me
falou o Senhor Deus: *
“Tu és meu Filho, e
eu hoje te gerei! –
Podes pedir-me, e em
resposta eu te darei †
por tua herança os
povos todos e as nações, *
e há de ser a terra
inteira o teu domínio.
Com cetro férreo
haverás de dominá-los, *
e quebrá-los como um
vaso de argila!”
E agora, poderosos,
entendei; *
soberanos, aprendei
esta lição:
Com temor servi a
Deus, rendei-lhe glória *
e prestai-lhe
homenagem com respeito!
Se o irritais,
perecereis pelo caminho, *
pois depressa se
acende a sua ira!
– Felizes hão de ser
todos aqueles *
que põem sua
esperança no Senhor!
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo, *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.
Os reis de toda a
terra se reúnem e conspiram os governos todos juntos contra o Deus onipotente e
o seu Ungido.
Apagam-se as duas velas
mais ao extremo do candelabro de trevas.
Ant.
2 Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica.
Salmo 21(22),2-23 [24-32]
Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonastes? *
E ficais longe de meu
grito e minha prece?
Ó meu Deus, clamo de
dia e não me ouvis, *
clamo de noite e para
mim não há resposta!
Vós, no entanto, sois
o santo em vosso Templo, *
que habitais entre os
louvores de Israel.
Foi em vós que
esperaram nossos pais; *
esperaram e vós mesmo
os libertastes.
Seu clamor subiu a
vós e foram salvos; *
em vós confiaram e
não foram enganados.
Quanto a mim, eu sou
um verme e não um homem; *
sou o opróbrio e o
desprezo das nações.
Riem de mim todos
aqueles que me vêem, *
torcem os lábios e
sacodem a cabeça:
“Ao Senhor se
confiou, ele o liberte *
e agora o salve, se é
verdade que ele o ama!”
Desde a minha
concepção me conduzistes, *
e no seio maternal me
agasalhastes.
Desde quando vim à
luz vos fui entregue; *
desde o ventre de
minha mãe sois o meu Deus!
Não fiqueis longe de
mim, porque padeço; *
ficai perto, pois não
há quem me socorra!
Por touros numerosos
fui cercado, *
e as feras de Basã me
rodearam;
escancararam contra
mim as suas bocas, *
como leões
devoradores a rugir.
Eu me sinto como a
água derramada, *
e meus ossos estão
todos deslocados;
como a cera se tornou
meu coração, *
e dentro do meu peito
se derrete.
Minha garganta está
igual ao barro seco, †
minha língua está
colada ao céu da boca, *
e por vós fui
conduzido ao pó da morte!
Cães numerosos me
rodeiam furiosos, *
e por um bando de
malvados fui cercado.
Transpassaram minhas
mãos e os meus pés *
e eu poso contar
todos os meus ossos.
Eis que me olham e,
ao ver-me, se deleitam! †
Eles repartem entre
si as minhas vestes *
e sorteiam entre si a
minha túnica.
Vós, porém, ó meu
Senhor, não fiqueis longe, *
ó minha força, vinde
logo em meu socorro!
Da espada libertai a
minha alma, *
e das garras desses
cães, a minha vida!
Arancai-me da goela
do leão, *
e a mim tão pobre,
desses touros que me atacam!
Anunciarei o vosso
nome a meus irmãos *
e no meio da
assembléia hei de louvar-vos!
Esta última parte do
salmo é facultativa.
Vós que temeis ao
Senhor Deus, dai-lhe louvores; †
glorificai-o,
descendentes de Jacó, *
e respeitai-o toda a
raça de Israel!
Porque Deus não
desprezou nem rejeitou *
a miséria do que
sofre sem amparo;
não desviou do
humilhado a sua face, *
mas o ouviu quando
gritava por socorro.
Sois meu louvor em
meio à grande assembléia; *
cumpro meus votos
ante aqueles que vos temem!
Vosos pobres vão
comer e saciar-se, †
e os que procuram o
Senhor o louvarão; *
“Seus corações tenham
a vida para sempre!”
Lembrem-se disso os
confins de toda a terra, *
para que voltem ao
Senhor e se convertam,
e se prostrem,
adorando, diante dele *
todos os povos e as
famílias das nações.
Pois ao Senhor é que
pertence a realeza; *
ele domina sobre
todas as nações.
Somente a ele
adorarão os poderosos, *
e os que voltam para
o pó o louvarão.
Para ele há de viver
a minha alma, *
toda aminha descendência
há de servi-lo;
às futuras gerações
anunciará *
o poder e a justiça
do Senhor;
ao povo novo que há
de vir, ela dirá: *
“Eis a obra que o
Senhor realizou!”
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Eles repartem entre
si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica.
Apagam-se as duas velas
seguintes em direção ao centro do candelabro de trevas.
Ant.
3 Os que buscam matar,
me perseguem e procuram tirar minha vida.
Salmo 37(38)
Repreendei-me,
Senhor, mas sem ira; *
corrigi-me, mas não
com furor!
Vossas flechas em mim
penetraram; *
vossa mão se abateu
sobre mim.
Nada resta de são no
meu corpo, *
pois com muito rigor
me tratastes!
Não há parte sadia em
meus ossos, *
pois pequei contra
vós, ó Senhor!
Meus pecados me
afogam e esmagam, *
como um fardo pesado
me oprimem.
Cheiram mal e supuram
minhas chagas *
por motivo de minhas
loucuras.
Ando triste, abatido,
encurvado, *
todo o dia afogado em
tristeza.
As entranhas me ardem
de febre, *
já não há parte sã no
meu corpo.
Meu coração grita e
geme de dor, *
esmagado e humilhado
demais.
Conheceis meu desejo,
Senhor, *
meus gemidos vos são
manifestos;
bate rápido o meu
coração, †
minhas forças estão
me deixando, *
e sem luz os meus
olhos se apagam.
Companheiros e amigos
se afastam, †
fogem longe das
minhas feridas; *
meus parentes
mantêm-se à distância.
Armam laços os meus
inimigos, *
que procuram tirar
minha vida;
os que buscam
matar-me ameaçam *
e maquinam traições
todo o dia.
Eu me faço de surdo e
não ouço, *
eu me faço de mudo e
não falo;
semelhante a alguém
que não ouve *
e não tem a resposta
em sua boca.
Mas, em vós, ó
Senhor, eu confio, *
e ouvireis meu
lamento, ó meu Deus!
Pois rezei: “Que não
zombem de mim, *
nem se riam, se os
pés me vacilam!”
Ó Senhor, estou quase
caindo, *
minha dor não me
larga um momento!
Sim, confesso,
Senhor, minha culpa: *
meu pecado me aflige
e atormenta.
São bem fortes os
meus adversários †
que me vêm atacar sem
razão; *
quantos há que sem
causa me odeiam!
Eles pagam o bem com
o mal, *
porque busco o bem,
me perseguem.
Não deixeis vosso
servo sozinho, *
ó meu Deus, ficai
perto de mim!
Vinde logo trazer-me
socorro, *
porque sois para mim
salvação!
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Os que buscam matar,
me perseguem e procuram tirar minha vida.
Apagam-se as duas velas
seguintes em direção ao centro do candelabro de trevas.
V. As falsas
testemunhas se ergueram.
R. E vomitam violência
contra mim.
PRIMEIRA LEITURA
Da Carta aos Hebreus 9,11-28
Cristo, sumo sacerdote, com o seu próprio sangue,
entrou no Santuário uma vez por todas
Irmãos: Cristo veio como sumo-sacerdote dos bens futuros. Através de uma
tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não faz parte
desta criação, e não com o sangue de bodes e bezerros, mas com o seu próprio sangue, ele
entrou no Santuário uma vez por todas, obtendo uma redenção eterna. De fato, se o sangue
de bodes e touros, e a cinza de novilhas espalhada sobre os seres impuros os
santifica e realiza a pureza ritual dos corpos, quanto mais o Sangue de Cristo,
purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus
vivo, pois, em virtude do espírito eterno, Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem
mancha.
Por isso, ele é mediador de uma nova aliança. Pela sua morte, ele
reparou as transgressões cometidas no decorrer da primeira aliança. E, assim, aqueles que são
chamados recebem a promessa da herança eterna. Onde existe testamento, é preciso que seja
constatada a morte de quem fez o testamento. Pois um testamento só tem valor depois da morte,
e não tem efeito nenhum enquanto ainda vive aquele que fez o testamento. Por isso, nem
mesmo a primeira aliança foi inaugurada sem sangue. Quando anunciou a todo o povo cada um
dos mandamentos da Lei, Moisés tomou sangue de novilhos e bodes, junto com
água, lã vermelha e um hissopo. Em seguida, aspergiu primeiro o próprio livro e todo o povo,
e disse: “Este é o sangue da aliança que Deus faz convosco”. Do mesmo modo, aspergiu com
sangue também a Tenda e todos os objetos que serviam para o culto. E assim, segundo a
Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não
existe perdão.
Portanto, as cópias das realidades celestes tinham que ser purificadas
dessa maneira; mas as próprias realidades celestes devem ser purificadas com sacrifícios
melhores. De fato, Cristo não entrou num santuário feito por mão humana, imagem do verdadeiro, mas
no próprio céu, a fim de comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favor. E não foi
para se oferecer a si muitas vezes, como o sumo-sacerdote que, cada ano, entra no Santuário
com sangue alheio. Porque, se assim fosse, deveria ter sofrido muitas vezes, desde a
fundação do mundo. Mas foi agora, na plenitude dos tempos, que, uma vez por
todas, ele se manifestou para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo. O
destino de todo homem é morrer uma só vez, e depois vem o julgamento. Do
mesmo modo, também Cristo, oferecido uma vez por todas, para tirar os pecados da
multidão, aparecerá uma segunda vez, fora do pecado, para salvar aqueles que o esperam.
RESPONSÓRIO Cf. Is 53,7.12
R. Foi levado como
ovelha ao matadouro; e, maltratado, não abriu a sua boca; * Foi condenado para a vida de seu povo.
V. Ele próprio entregou
a sua vida e deixou-se colocar entre os facínoras. * Foi condenado.
Apaga-se a próxima
vela, à esquerda, no candelabro de trevas.
SEGUNDA LEITURA
Das Catequeses de São
João Crisóstomo, bispo
(Cat. 3,13-19: SCh 50,174-177)
(Séc.IV)
O poder do sangue de Cristo
Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o
profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um
cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O
sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que
não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o
inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis,
portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.
Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de
onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua
origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o
evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água
e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O
soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e
eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas
extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um
cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.
De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido
ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda
explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este
sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a
santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo,
isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a
Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.
Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a
expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São
Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado
do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a
Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também
Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.
Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia.
Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor
natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também
Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.
RESPONSÓRIO Cf. 1Pd 1,18-19; Ef
2,18; 1Jo 1,7
R. Não foi nem com ouro
nem prata que fostes remidos, irmãos; mas sim pelo sangue precioso
de Cristo, o Cordeiro
sem mancha. * Por ele nós temos
acesso num único Espírito ao Pai.
V. O sangue do Filho de
Deus nos lava de todo pecado. * Por ele.
Apaga-se a próxima
vela, à direita, no candelabro de trevas.
CÂNTICOS
PARA AS VIGÍLIAS
Antífona: Do lado do Senhor
crucificado, depois de aberto pela lança do soldado, logo saiu sangue e água
para remir-nos.
Cântico I - Jr 14,17-21
Lamentação em tempo de fome e de guerra
O Reino de Deus está próximo.
Convertei-vos e crede no Evangelho! (Mc 1,15).
Os meus olhos, noite
e dia, *
chorem lágrimas sem
fim;
pois sofreu um golpe
horrível, †
foi ferida gravemente
*
a virgem filha do meu
povo!
Se eu saio para os
campos, *
eis os mortos à
espada;
se eu entro na
cidade, *
eis as vítimas da
fome!
Até o profeta e o
sacerdote †
perambulam pela terra
*
sem saber o que se
passa.
Rejeitastes, por
acaso, *
a Judá inteiramente?
Por acaso a vossa
alma *
desgostou-se de Sião?
Por que feristes
vosso povo *
de um mal que não tem
cura?
Esperávamos a paz, *
e não chegou nada de
bom;
e o tempo de
reerguer-nos, *
mas só vemos o
terror!
Conhecemos nossas
culpas †
e as de nossos
ancestrais, *
pois pecamos contra
vós!
Por amor de vosso
nome, *
ó Senhor, não nos
deixeis!
Não deixeis que se
profane *
vosso trono glorioso!
Recordai-vos, ó
Senhor! *
Não rompais vossa
Aliança!
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Cântico II – Ez 36,24-28
Deus renovará o seu povo
Eles serão o seu povo, e o próprio Deus
estará com eles (Ap 21,3).
Haverei de
retirar-vos do meio das nações, †
haverei de reunir-vos
de todos os países, *
e de volta eu levarei
todos vós à vossa terra.
Haverei de derramar
sobre vós uma água pura, †
e de vossas
imundícies sereis purificados; *
sim, sereis
purificados de toda a idolatria.
Dar-vos-ei um novo
espírito e um novo coração; †
tirarei de vosso
peito este coração de pedra, *
no lugar colocarei
novo coração de carne.
Haverei de derramar
meu Espírito em vós †
e farei que caminheis
obedecendo a meus preceitos, *
que observeis meus
mandamentos e guardeis a minha Lei.
E havereis de habitar
aquela terra prometida, †
que nos tempos do
passado eu doei a vossos pais, *
e sereis sempre o meu
povo e eu serei o vosso Deus!
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Cântico III – Lm5,1-7.15-17.19-21
Oração na tribulação
Em toda parte e sempre levamos em nós
mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que
também a vida de Jesus seja manifestada
em nossa frágil natureza (2Cor 4,10).
Senhor, lembrai-vos
do que nos sucedeu, *
olhai e vede a nossa
humilhação!
Nossa herança ficou
com estrangeiros, *
nossas casas passaram
a mãos estranhas!
Somos órfãos, pois já
não temos pai, *
nossas mães se
tornaram quais viúvas!
Nossa água, compramos
por dinheiro, *
nossa lenha nos custa
um alto preço!
Perseguidos, com a
canga no pescoço, *
sem repouso, estamos
esgotados!
Ao Egito e à terra
dos Assírios *
estendemos a mão para
ter pão.
Pecaram os pais, já
não existem; *
levamos as culpas dos
seus crimes.
A alegria fugiu dos
corações, *
converteu-se em luto
a nossa dança!
A coroa caiu-nos da
cabeça, *
infelizes de nós,
porque pecamos!
Amargurou-se o nosso
coração, *
nossos olhos estão
anuviados!
Ó Senhor, vós reinais
eternamente, *
vosso trono perdura
para sempre!
Por que persistir em
esquecer-nos? *
Por que, para sempre,
abandonar-nos?
Convertei-nos a vós e
voltaremos, *
renovai nossos dias,
como outrora!
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Do lado do Senhor
crucificado, depois de aberto pela lança do soldado, logo saiu sangue e água
para remir-nos.
EVANGELHO PARA AS VIGÍLIAS
Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus 27,1-2.11-56
Tu
és o rei dos judeus?
1 De manhã cedo, todos
os sumos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra
Jesus, para condená-lo à morte. 2 Eles o amararam, levaram-no e o entregaram a Pilatos,
o governador.
11 Jesus foi posto
diante do governador, e este o interrogou: “Tu és o rei dos judeus?” Jesus declarou: “É como
dizes”, 12 e nada respondeu,
quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos. 13 Então Pilatos
perguntou:“Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?” 14 Mas Jesus não
respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito impressionado. 15 Na festa da Páscoa,
o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. 16 Naquela ocasião,
tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. 17 Então Pilatos perguntou à multidão
reunida: “Quem vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus, a quem chamam de Cristo?” 18 Pilatos bem sabia
que eles haviam entregado Jesus por inveja.
19 Enquanto Pilatos
estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele: “Não te envolvas com esse
justo! porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa dele.” 20 Porém, os sumos
sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás e que
fizessem Jesus morrer. 21 O governador tornou a perguntar: “Qual
dos dois quereis que eu solte?” Eles gritaram: “Barrabás.” 22 Pilatos perguntou:
“Que farei com Jesus, que chamam de Cristo?” Todos gritaram: “Seja crucificado!” 23 Pilatos falou: “Mas, que mal ele fez?”
Eles, porém, gritaram com mais força: “Seja crucificado!”
24 Pilatos viu que nada
conseguia e que poderia haver uma revolta. Então mandou trazer água, lavou as mãos
diante da multidão, e disse: “Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um
problema vosso!” 25 O povo todo
respondeu: “Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos”. 26 Então Pilatos soltou
Barrabás, mandou flagelar Jesus, e entregou-o para ser crucificado.
Salve,
rei dos judeus!
27 Em seguida, os
soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a tropa em volta
dele. 28 Tiraram sua roupa e
o vestiram com um manto vermelho; =29 depois teceram uma coroa de espinhos,
puseram a coroa em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante
de Jesus e zombaram, dizendo: “Salve, rei dos judeus!” 30 Cuspiram nele e,
pegando uma vara, bateram na sua cabeça. 31 Depois de zombar dele,
tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias roupas. Daí o levaram
para crucificar.
Com
ele crucificaram dois ladrões
32 Quando saíam,
encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar
a cruz de Jesus. 33 E chegaram a um
lugar chamado Gólgota, que quer dizer “lugar de caveira”. 34 Ali deram vinho
misturado com fel para Jesus beber. Ele provou, mas não quis beber. 35 Depois de o
crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre si as suas vestes. 36 E ficaram ali
sentados, montando guarda. 37 Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo
da sua condenação: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus.”
38
Com ele também crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à
esquerda de Jesus.
Se
és o Filho de Deus, desce da cruz!
39
As pessoas que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e
dizendo: 40
“Tu que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, salva-te a
ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” 41 Do mesmo modo, os sumos sacerdotes,
junto com os mestres da Lei e os anciãos, também zombaram de Jesus: 42 “A outros salvou. a
si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel. Desça agora da cruz! e acreditaremos
nele. 43
Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o ama! Já que ele disse: Eu sou o
Filho de Deus.” 44 Do mesmo modo, também
os dois ladrões que foram crucificados com Jesus o insultavam.
Eli,
Eli, lamá sabactâni?
45
Desde o meio-dia até às três horas da tarde, houve escuridão sobre toda
a terra. 46
Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito: “Eli, Eli, lamá
sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” 47 Alguns dos que ali
estavam, ouvindo-o, disseram: “Ele está chamando Elias!” 48 E logo um deles,
correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma
vara, e lhe deu para beber. 49 Outros, porém, disseram: “Deixa, vamos ver se
Elias vem salvá-lo!” 50Então Jesus deu outra
vez um forte grito e entregou o espírito.
Aqui
todos se ajoelham, permanecendo assim por algum tempo.
51 E eis que a cortina
do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se
partiram. 52 Os túmulos se
abriram e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram! 53 Saindo dos túmulos,
depois da ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade Santa e foram vistos por muitas
pessoas. 54 O oficial e os
soldados que estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido,
ficaram com muito medo e disseram: “Ele era mesmo Filho de Deus!”
55 Grande número de
mulheres estava ali, olhando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a
Galiléia, prestando-lhe serviços. 56 Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e
de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
Laudes
Ant. 1 Deus não poupou seu
próprio Filho, mas o entregou por todos nós.
Salmo 50(51)
Tende piedade, ó meu Deus!
Renovai o vosso espírito e a vossa
mentalidade. Revesti o homem novo (Ef 4,23-24).
Tende piedade, ó meu
Deus, misericórdia! *
Na imensidão de vosso
amor,purificai-me!
Lavai-me todo inteiro
do pecado, *
e apagai
completamente a minha culpa!
Eu reconheço toda a
minha iniqüidade, *
o meu pecado está
sempre à minha frente.
Foi contra vós, só
contra vós, que eu pequei, *
e pratiquei o que é
mau aos vossos olhos! –
Mostrais assim quanto
sois justo na sentença, *
e quanto é reto o
julgamento que fazeis.
Vede, Senhor, que eu
nasci na iniqüidade *
e pecador já minha
mãe me concebeu.
Mas vós amais os
corações que são sinceros, *
na intimidade me
ensinais sabedoria.
Aspergi-me e serei
puro do pecado, *
e mais branco do que
a neve ficarei.
Fazei-me ouvir cantos
de festa e de alegria, *
e exultarão estes
meus ossos que esmagastes.
Desviai o vosso olhar
dos meus pecados *
e apagai todas as
minhas transgressões!
Criai em mim um
coração que seja puro, *
dai-me de novo um
espírito decidido.
Ó Senhor, não me
afasteis de vossa face, *
nem retireis de mim o
vosso Santo Espírito!
Dai-me de novo a
alegria de ser salvo *
e confirmai-me com
espírito generoso!
Ensinarei vosso
caminho aos pecadores, *
e para vós se
voltarão os transviados.
Da morte como pena,
libertai-me, *
e minha língua
exaltará vossa justiça!
Abri meus lábios, ó
Senhor, para cantar, *
e minha boca
anunciará vosso louvor!
Pois não são de vosso
agrado os sacrifícios, *
e, se oferto um
holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é
minha alma penitente, *
não desprezeis um
coração arrependido!
Sede benigno com
Sião, por vossa graça, *
reconstruí Jerusalém
e os seus muros!
E aceitareis o verdadeiro
sacrifício, *
os holocaustos e
oblações em vosso altar!
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Deus não poupou seu
próprio Filho, mas o entregou por todos nós.
Apagam-se as duas velas
seguintes em direção ao centro do candelabro de trevas.
Ant. 2 Jesus Cristo nos
amou até o fim e lavou nossos pecados com seu sangue.
Cântico Hab 3,2-4.13a.15-19
Deus há de vir para julgar
Erguei a cabeça, porque a vossa
libertação está próxima (Lc 21,28).
Eu ouvi vossa
mensagem, ó Senhor, *
e enchi-me de temor.
Manifestai a vossa
obra pelos tempos *
e tornai-a conhecida.
Ó Senhor, mesmo na
cólera, lembrai-vos *
de ter misericórdia!
Deus virá lá das
montanhas de Temã, *
e o Santo, de Farã.
O céu se enche com a
sua majestade, *
e a terra, com sua
glória.
Seu esplendor é
fulgurante como o sol, *
saem raios de suas
mãos.
Nelas se oculta o seu
poder como num véu, *
seu poder vitorioso.
Para salvar o vosso
povo vós saístes, *
para salvar o vosso
Ungido.
E lançastes pelo mar
vossos cavalos *
no turbilhão das
grandes águas.
Ao ouvi-lo
estremeceram-me as entranhas *
e tremeram os meus
lábios.
A cárie penetrou-me
até os ossos, *
e meus passos
vacilaram.
Confiante espero o
dia da aflição, *
que virá contra o
opressor.
Ainda que a figueira
não floresça *
nem a vinha dê seus
frutos,
a oliveira não dê
mais o seu azeite, *
nem os campos, a
comida;
mesmo que faltem as
ovelhas nos apriscos *
e o gado nos curais:
mesmo assim eu me
alegro no Senhor, *
exulto em Deus, meu
Salvador!
O meu Deus e meu
Senhor é minha força *
e me faz ágil como a
corça;
para as alturas me
conduz com segurança *
ao cântico de salmos.
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Jesus Cristo nos
amou até o fim e lavou nossos pecados com seu sangue.
Apagam-se as duas velas
seguintes em direção ao centro do candelabro de trevas.
Ant.
3 Adoramos, Senhor,
vosso madeiro, vossa ressurreição nós celebramos. A alegria chegou ao mundo inteiro,
pela cruz que nós hoje veneramos.
Salmo 147(147 B)
Restauração de Jerusalém
Vem! Vou mostrar-te a noiva, a esposa
do Cordeiro! (Ap 21,9).
Glorifica o Senhor,
Jerusalém! *
Ó Sião, canta
louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com
segurança as tuas portas, *
e os teus filhos em
teu seio abençoou;
a paz em teus limites
garantiu *
e te dá como alimento
a flor do trigo.
Ele envia suas ordens
para a terra, *
e a palavra que ele
diz core veloz;
ele faz cair a neve
como lã *
e espalha a geada como
cinza. –
Como de pão lança as
migalhas do granizo, *
a seu frio as águas
ficam congeladas.
Ele envia sua palavra
e as derrete, *
sopra o vento e de
novo as águas corem.
Anuncia a Jacó sua
palavra, *
seus preceitos e suas
leis a Israel.
Nenhum povo recebeu
tanto carinho, *
a nenhum outro
revelou os seus preceitos.
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.
Glorifica Adoramos,
Senhor, vosso madeiro, vossa ressurreição nós celebramos. A alegria chegou ao mundo inteiro,
pela cruz que nós hoje veneramos.
Apagam-se as duas velas
seguintes em direção ao centro do candelabro de trevas.
Ei-lo, o meu Servo será bem sucedido; sua ascensão será ao mais alto
grau. Assim como muitos
ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava que não parecia
ser um homem ou ter
aspecto humano – do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos.
Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi
narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram.
Em
lugar do responsório se diz, de joelhos:
Ant.
Jesus Cristo se
humilhou e se fez obediente, obediente até à morte e morte de cruz.
Durante
o Benedictus, se houver as seis velas do altar, o acólito responsável por
apagá-las, munido do apagador, dirige-se ao altar, faz a inclinação profunda, e
procede à cerimônia. A partir do sexto verso, ele vai à extrema esquerda do
altar, e apaga essa vela. Depois, vai à extrema direita, para apagar a vela
correspondente. Volta, então, à esquerda, para apagar a próxima, e, então, à direita,
e assim por diante, de modo a apagar todas as seis velas nos últimos seis
versos. Feita a cerimônia, inclina-se profundamente ao altar, e volta ao seu
lugar.
Ant.
Acima de sua cabeça
puseram escrito o motivo da culpa e do crime de Cristo: Jesus Nazareno, o Rei
dos judeus.
Bendito † seja o Senhor Deus de
Israel, *
que a seu povo
visitou e libertou;
e fez surgir um
poderoso Salvador *
na casa de Davi, seu
servidor,
como falara pela boca
de seus santos, *
os profetas desde os
tempos mais antigos,
para salvar-nos do
poder dos inimigos *
e da mão de todos
quantos nos odeiam.
Assim mostrou
misericórdia a nossos pais, *
recordando a sua
santa Aliança
e o juramento a
Abraão, o nosso pai, *
de conceder-nos
que, libertos do inimigo,
a ele nós sirvamos sem
temor †
em santidade e em
justiça diante dele, *
enquanto perdurarem
nossos dias.
Serás profeta do
Altíssimo, ó menino, †
pois irás andando à
frente do Senhor *
para aplainar e
preparar os seus caminhos,
anunciando ao seu
povo a salvação, *
que está na remissão
de seus pecados.
Pelo amor do coração
de nosso Deus, *
Sol nascente que nos
veio visitar
lá do alto como luz
resplandecente *
a iluminar a quantos
jazem entre as trevas
e na sombra da morte
estão sentados †
e para dirigir os
nossos passos, *
guiando-nos no
caminho da paz.
Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no
princípio, agora e sempre. Amém.
Ant.
Acima de sua cabeça
puseram escrito o motivo da culpa e do crime de Cristo: Jesus Nazareno, o Rei
dos judeus.
Adoremos com sincera piedade a Cristo, nosso Redentor, que por nós
sofreu a Paixão e foi
sepultado para ressuscitar ao terceiro dia; e peçamos humildemente:
Senhor, tende piedade de nós!
Cristo, nosso Mestre e Senhor, obediente até à morte por nosso amor,
–
ensinai-nos a
obedecer sempre à vontade do Pai.
Senhor, tende piedade de nós!
Cristo, nossa vida, que morrendo na cruz, destruístes o poder da morte e
do inferno,
–
ensinai-nos a morrer
convosco, para merecermos também ressuscitar convosco na glória.
Senhor, tende piedade de nós!
Cristo, nosso Rei, que fostes desprezado como um verme e humilhado como
a vergonha do gênero humano,
–
ensinai-nos a imitar
a vossa humildade salvadora.
Senhor, tende piedade de nós!
Cristo, nossa salvação, que destes a vida por amor dos seres humanos,
vossos irmãos e irmãs,
–
fazei que nos amemos
uns aos outros com a mesma caridade.
Senhor, tende piedade de nós!
Cristo, nosso Salvador, que de braços abertos na cruz quisestes atrair
para vós a humanidade inteira,
–
reuni em vosso reino
os filhos e as filhas de Deus dispersos pelo mundo.
Senhor, tende piedade de nós!
Pai nosso que estais
nos céus,
santificado seja o
vosso nome;
venha a nós o vosso
reino,
seja feita a vossa
vontade,
assim na terra como
no céu;
o pão nosso de cada
dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas
ofensas,
assim como nós
perdoamos
a quem nos tem
ofendido,
e não nos deixeis
cair em tentação,
mas livrai-nos do
mal.
Olhai com amor, ó
Pai, esta vossa família, pela qual nosso Senhor Jesus Cristo livremente se
entregou às mãos dos
inimigos e sofreu o suplício da cruz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
R. Amém.
Se um sacerdote ou
diácono preside o Ofício, é ele quem despede o povo, dizendo:
V. O Senhor esteja
convosco.
R. Ele está no meio de
nós.
V. Abençoe-vos Deus
todo-poderoso, Pai e Filho † e Espírito Santo.
R. Amém.
Dada a bênção,
acrescenta-se:
V. Ide em paz e o
Senhor vos acompanhe.
R. Graças a Deus.
Não havendo
sacerdote, ou diácono, e na recitação individual, conclui-se assim:
O Senhor nos abençoe,
nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.
R. Amém.
Faz-se
o strepitus com um pedaço de madeira ou o breviário, significando o
terremoto ocorrido na morte de Jesus. Os demais podem juntar-se ao strepitus
com seus breviários. Apaga-se a última vela do candelabro de trevas.
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