29 de ABRIL
Santa Catarina de
Sena, virgem e doutora da Igreja
Nasceu em Sena(Itália), em 1347. Ainda adolescente, movida pelo
desejo de perfeição, entrou na Ordem Terceira de São Domingos. Cheia de amor
por Deus e pelo próximo, trabalhou incansavelmente pela paz e concórdia entre
as cidades; defendeu com ardor os direitos e a liberdade do Romano Pontífice e
promoveu a renovação da vida religiosa. Escreveu importantes obras de
espiritualidade, cheias de boa doutrina e de inspiração celeste. Morreu em 1380.
Do
Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena
(Cap.
167, Gratiarum actio ad Trinitatem: ed.lat., Ingolstadi 1583, f.290v-291)
(Séc.XIV)
Provei
e vi
Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto
fizeste valer o sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade eterna, és como um
mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro,
mais cresce a sede de te procurar. Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável;
porque, saciando-se no teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de
ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te à luz de tua luz.
Provei e vi em tua luz com a luz da inteligência, o teu insondável abismo, ó
Trindade eterna, e a beleza de tua criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que
sou imagem tua por aquela inteligência que me é dada como participação do teu
poder, ó Pai eterno, e também da tua sabedoria, que é apropriada ao teu Filho
unigênito. E o Espírito Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a
vontade que me torna capaz de amar-te.
Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci – porque me
fizeste compreender quando de novo me criaste no sangue de teu Filho – conheci
que estás enamorado pela beleza de tua criatura.
Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias
dar-me do que a ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome. Tu és
que consomes por teu calor todo o amor profundo da alma. Tu és de novo o fogo
que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com tua luz. Com esta luz
me fizeste conhecer a verdade.
Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo
bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que
ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria. Porque tu és a
própria Sabedoria, tu, o pão dos anjos, que no fogo da caridade te deste aos
homens.
Tu és a veste que cobre minha nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura,
porque és doce sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!