quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Advento - caminho espiritual 2012


Caminho espiritual – Advento 2012
Advento, em latim adventos, significa, no sentido cristão, o dia da visita, o dia do Senhor. Assim, o tempo do advento tem como característica a preparação. Primeiro, para a comunicação da primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, e, em segundo, a preparação dos corações para a expectativa da segunda visita do Senhor no fim dos tempos. Por isso que se pode entender o sentido do advento como “fim” quanto “começo”, segundo a Ione Buyst. O tempo do advento convida a avaliar a realidade da vida, do caminho cristão e perceber qual o tempo que se está dedicando a Deus, para que no final deste tempo se possa proclamar como fez o salmista: “minha alma aguarda o Senhor mais que os guardas pela aurora” (Sl 130,6).




Primeiro Domingo do Advento – 02/12


 Evangelho
Lc, 21, 25-28.34-36

25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 26 Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 27 Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 28 Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. 34 Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. 35 Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. 36 Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem.

Reflexão / comentário
O advento é um convite a meditar sobre o milagre da vinda do Senhor, a encarnação do Menino Deus. Cristo é o nosso Salvador, que nos conhece por inteiro, toca o nosso coração e nos quer preparar para a sua constante vinda. É Aquele que espera de cada um de nós uma atitude de vigilância e de esperança. Se nos momentos de turbulências o nosso coração, o nosso amor a vida e a Deus, são abalados, é um sinal que precisamos fortalecê-lo um pouco mais na graça, na escuta e na caridade de Deus. Se a nossa vida for alicerçada na fé, na caridade e na santidade, resistiremos entusiasmados na construção dinâmica  do Reino.

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Escutar


Concílio vaticano II
“Com efeito, o próprio Verbo de Deus, por quem tudo foi feito, fez-se homem, para, homem perfeito, a todos salvar e tudo recapitular. O Senhor é o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e da civilização, o centro do género humano, a alegria de todos os corações e a plenitude das suas aspirações (25). Foi Ele que o Pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, estabelecendo-o juiz dos vivos e dos mortos. Vivificados e reunidos no seu Espírito, caminhamos em direcção à consumação da história humana, a qual corresponde plenamente ao seu desígnio de amor: «recapitular todas as coisas em Cristo, tanto as do céu como as da terra» (Ef. 1,10)”. (GAUDIUM ET SPES, 45 )

Oração
Ó Deus todo-poderoso, concedei-nos a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Liturgia das Horas, Primeiro Domingo do Advento, p. 117)



Segundo Domingo do Advento – 09/12

Evangelho
Lc 3,1-6

1 No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca da Abilina, 2 sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias. 3 Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados, 4 como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías (40,3ss.): Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. 5 Todo vale será aterrado, e todo monte e outeiro serão arrasados; tornar-se-á direito o que estiver torto, e os caminhos escabrosos serão aplainados. 6 Todo homem verá a salvação de Deus.




Reflexao / comentário
A história da salvação adentra, caminha e transforma a história humana. Esta é a impressão que temos ao meditar este trecho bíblico de Lucas. Esta salvação é, primeiramente, experimentada por João Batista no deserto. É no deserto que conseguiremos nos desapegar das preocupações que não deixam encontrar o Menino. Olhando o deserto, seja como espaço geográfico, seja como espaço espiritual, percebemos o seu significado ligado ao silêncio, luta contra as próprias vontades e aos inimigos da alma, escuta atenta a Palavra de Deus e um convite para fixar o nossos olhos em Jesus. João nos ensina a ter afeto, a amar o deserto, para depois poder ressoar a Palavra, para que a nossa vida possa tornar-se a voz de uma palavra: Cristo.

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Concílio vaticano II
“Deus, criando e conservando todas as coisas pelo Verbo (cfr. Jo. 1,3), oferece aos homens um testemunho perene de Si mesmo na criação (cfr. Rom. 1, 1-20) e, além disso, decidindo abrir o caminho da salvação sobrenatural, manifestou-se a Si mesmo, desde o princípio, aos nossos primeiros pais. Depois da sua queda, com a promessa de redenção, deu-lhes a esperança da salvação (cfr. Gén. 3,15), e cuidou contìnuamente do género humano, para dar a vida eterna a todos aqueles que, perseverando na prática das boas obras, procuram a salvação (cfr. Rom. 2, 6-7). No devido tempo chamou Abraão, para fazer dele pai dum grande povo (cfr. Gén. 12,2), povo que, depois dos patriarcas, ele instruiu, por meio de Moisés e dos profetas, para que o reconhecessem como único Deus vivo e verdadeiro, pai providente e juiz justo, e para que esperassem o Salvador prometido; assim preparou Deus através dos tempos o caminho ao Evangelho.” (DEI VERBUM, 3)


Oração
Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Liturgia das Horas, Segundo Domingo do Advento, p. 171)



Terceiro Domingo do Advento – 16/12


 Evangelho
Lc 3,10-18

10 Perguntava-lhe a multidão: Que devemos fazer? 11 Ele respondia: Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo. 12 Também publicanos vieram para ser batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que devemos fazer? 13 Ele lhes respondeu: Não exijais mais do que vos foi ordenado. 14 Do mesmo modo, os soldados lhe perguntavam: E nós, que devemos fazer? Respondeu-lhes: Não pratiqueis violência nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo. 15 Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo, 16 ele tomou a palavra, dizendo a todos: Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 17 Ele tem a pá na mão e limpará a sua eira, e recolherá o trigo ao seu celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível. 18 É assim que ele anunciava ao povo a boa nova, e dirigia-lhe ainda muitas outras exortações.

Reflexao / comentário
“O que devemos fazer?” Esta é a pergunta que motiva o discurso ético na pregação de João Batista e também deve ser a pergunta que deve nortear o nosso caminho humano-espiritual neste período do Advento. A Palavra de Deus nos convida a alegrar-nos no testemunho cristão. A nossa alegria só será verdadeira se nascer de uma experiência de relações alicerçadas na justiça, na paz, na dignidade, na alteridade, na comunhão com Senhor Jesus, na conversão do coração e da vida, do viver sóbrio, para não deixar escapar a lógica do consumismo e do desperdício, e no esforço de encontrar a medida – atitude justa para cada pessoa que encontramos e convivemos.


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Concílio vaticano II
“Não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior. É que os anseios de unidade nascem e amadurecem a partir da renovação da mente (24), da abnegação de si mesmo e da libérrima efusão da caridade. Por isso, devemos implorar do Espírito divino a graça da sincera abnegação, humildade e mansidão em servir, e da fraterna generosidade para com os outros. «Portanto - diz o Apóstolo das gentes - eu, prisioneiro no Senhor, vos rogo que vivais de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com paciência, suportando-vos uns aos outros em caridade, e esforçando-vos solicitamente por conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz» (Ef. 4, 1-3).” (UNITATIS REDINTEGRATIO, 7)


Oração
Ó Deus de bondade, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o natal do Senhor, dai-nos chegar às alegrias da Salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Liturgia das Horas, Terceiro Domingo do Advento, p. 227)


  

Quarto Domingo do Advento – 23/12




Evangelho
Lc 1,39-46

39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. 45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!

Reflexao / comentário
Lucas dá uma atenção especial a visita de Maria a sua prima Isabel. Neste encontro de duas mães, de duas crianças, temos um gesto, uma atitude de acolhida. Maria é acolhida por Isabel com alegria, assim também é Jesus acolhido por João Batista, o qual pula e festeja no ventre materno a visita do Salvador. Maria e Isabel partilham, com alegria, o que Deus está realizando em suas vidas. Elas nos ensinam a acolher a realização de Deus: “Eis que venho, ó Senhor, para fazer a tua vontade” (Sl 39,7ss).

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Concílio vaticano II
“Mas o Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara para mãe, precedesse a encarnação, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher contribuisse para a vida. É o que se verifica de modo sublime na Mãe de Jesus, dando à luz do mundo a própria Vida, que tudo renova. Deus adornou-a com dons dignos de uma tão grande missão; e, por isso, não é de admirar que os santos Padres chamem com frequência à Mãe de Deus «toda santa» e «imune de toda a mancha de pecado», visto que o próprio Espírito Santo a modelou e d'Ela fez uma nova criatura (175). Enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores duma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saudada pelo Anjo, da parte de Deus, como «cheia de graça» (cfr. Luc. 1,28); e responde ao mensageiro celeste: «eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Luc. 1,38). Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele, servindo pela graça de Deus omnipotente o mistério da Redenção. por isso, consideram com razão os santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens.” (LUMEN GENTIUM, 56)


Oração
Derramai ó Deus a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do Anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. (Liturgia das Horas, Quarto Domingo do Advento, p. 273).





Maran atha!