As narrativas da Infância foram vistas por muito tempo como folclore, como pequenas histórias, com um cunho mais de curiosidade sobre os primeiros anos da vida de Jesus, do que propriamente como um conteúdo teológico. Talvez isso ocorreu pelo Natal ser uma festa tão popular, ou pelo fato do Evangelho de São João possuir um prólogo bem elaborado sobre o Verbo de Deus que se fez carne (Jo 1,1-18), ou ainda pelo o Evangelho de Marcos que já no primeiro versículo apresenta quem é Jesus Cristo (Mc 1,1). Todavia, os evangelistas Lucas e Mateus trazem nos dois primeiros capítulos de suas obras as narrativas da infância de Jesus. Lucas é considerado o teólogo da história da Salvação. História esta que ele começa a apresentar a partir dos primeiros versículos do seu evangelho, das narrativas da infância de Jesus. Por este motivo, os textos da infância de Jesus em Lucas foram escolhidos para a análise e identificação de algumas imagens de Jesus que ele constrói. É por meio destas imagens que se chegará ao Jesus nas narrativas da infância de Lucas.
Lucas é o autor do terceiro evangelho e o responsável pela redação do livro dos Atos dos Apóstolos. A sua obra, o terceiro Evangelho, foi escrita pelos anos 80 d.C. O autor era um homem culto do mundo helênico e um historiador cuidadoso, judeu-cristão de língua grega, que vivia numa comunidade heterogênea entre judeus e gentios. Por ter sido um grande conhecedor da filosofia, mitologia e literatura grega como também da tradição judaica, é que a sua mensagem pôde ser compreendida por ambos os povos. Foi um discípulo que se alegrou ao ter encontrado a salvação em Jesus Cristo, mesmo não sendo uma testemunha ocular de Jesus.
Em Lucas capítulo 1-2, tem-se uma luz de todo o acontecimento pascal, assim, esses capítulos são uma introdução de todo o evangelho. As narrativas da infância trazem alguns traços bem particulares nos aspectos teológicos, antropológicos e literários de sua estrutura. A sua intensão teológica é apresentar os acontecimentos da história salvífica realizada na história humana tendo como centro e origem Jesus Cristo. Ao mostrar este fazer salvífico, ele partir de Deus como princípio de tudo, pois a história da salvação se inicia n’Ele, passando pelo tempo de preparação, o povo de Israel, pelo tempo de realização, Encarnação de Jesus Cristo, até chegar no tempo de continuação pela força do Espírito Santo presente na Igreja. Nos aspectos antropológicos apresentam no seu evangelho nomes (Isabel, Zacarias, João Batista), lugares (a uma virgem na cidade de Nazaré) e tempos (no tempo de Herodes, rei da Judeia) com a intenção de mostrar Jesus inserido no cotidiano do ser humano, que vive e participa da vida das pessoas, sem excluir ninguém. Ele utiliza o gênero literário chamado de Midrash aggada. Este gênero faz um aprofundamento espiritual da palavra de Deus e resgata os personagens procurando tirar deles diferentes lições e os coloca como modelos para a comunidade cristã. Duas características literárias particulares em Lucas: a apresentação de uma ordem lógica através da cronologia dos acontecimentos, período do reinado de Herodes, a família de Jesus que vai a Jerusalém para a festa da Páscoa, e o paralelismo, que é uma técnica literária comum do mundo helenístico e na Palestina helênica do século I, onde os escritores procuravam compararem os atos entre dois heróis, o autor do terceiro evangelho usou dessa técnica, colocando em paralelo João e Jesus. A narrativa da infância está estruturada em sete pontos: Anúncio do nascimento de João Batista (1,5-25), Anúncio do nascimento de Jesus (1,26-38), Visita de Maria a Isabel (1,39-56), Nascimento – circuncisão – ato de dar o nome a João Batista (1,57-80), Nascimento – circuncisão – ato de dar o nome a Jesus (2,1-21), Apresentação de Jesus no templo (2,22-40), Encontro de Jesus no templo (2,41-52). As fontes usadas por Lucas foram: às fontes escritas, a tradição oral, o escrito de Marcos, a fonte Quelle (Q) e outros diversos materiais.
A narrativa da Infância de Jesus em Lucas se dá propriamente em Lc 1,5 - 2,52. A organização destes dois capítulos traz lugares, tempo, contexto religioso, personagens e ações. É através desta organização que Lucas apresenta o seu Jesus. Estas características são identificadas por títulos ou imagens. Estes títulos têm a finalidade de fixar o anúncio fundamental e compreensivo de Deus que se fez homem e habitou no meio da humanidade, através dos diversos e incompreensíveis caminhos escolhidos por Ele (Zacarias 1,5-25 e Maria 1,26-38). Deus demonstra o seu poder, a sua presença desde a preparação com o anúncio a Zacarias e o nascimento de João Batista.
No primeiro capítulo se encontram os anúncios: a Zacarias (1,5-25) e a Maria (1,26-38), a visita de Maria a Isabel, essa perícope, quer mostrar o encontro de duas mães com concepções divinamente preparadas (1,39-56), e o nascimento de João Batista (1,57-80). Neste capítulo Lucas destaca os títulos cristológicos referentes a Jesus: Senhor (1,17.43.76), Filho do Altíssimo (1,32), O Santo (1,35), Filho de Deus (1,35) e o Astro luminoso – Sol nascente(1,78). O segundo capítulo inicia com o nascimento de Jesus e a visita dos pastores (2,1-20), a apresentação de Jesus no templo (2,21-40), e termina com Jesus aos doze anos no templo (2,41-52). Algumas imagens cristológicas sobre Jesus apresentada pelo autor do terceiro evangelho neste capítulo são: Salvador (2,11; 2,30), Messias (2,11.26) e Senhor (2,15). Estes títulos veterotestamentais foram tomados originalmente de Isaías, e foram modificados, ligados ao Querigma cristão. Estes títulos são dados em ocasião do nascimento de Jesus, e eles trazem dentro de si uma profissão de fé.
Ressalto por fim, que Lucas busca já nas narrativas da infância demonstrar o porquê da encarnação do Filho de Deus e que esta criança é realmente o Filho de Altíssimo. Pois já a partir dos anúncios e da forma em que se dá a concepção dela, mostram a intervenção divina: “O Santo que nascer será chamado Filho de Deus” (1,35). E aqui é interessante observar: Lucas não tem nenhuma preocupação em satisfazer a curiosidade de sua comunidade em relação de como foi a infância de Jesus, mas Lucas, através dos títulos, apresenta Jesus como Aquele que cumpre a promessa do Pai, que realiza o plano salvífico de Deus, que vem se fazer presente e presença no meio de todos os povos.
Lucas é o autor do terceiro evangelho e o responsável pela redação do livro dos Atos dos Apóstolos. A sua obra, o terceiro Evangelho, foi escrita pelos anos 80 d.C. O autor era um homem culto do mundo helênico e um historiador cuidadoso, judeu-cristão de língua grega, que vivia numa comunidade heterogênea entre judeus e gentios. Por ter sido um grande conhecedor da filosofia, mitologia e literatura grega como também da tradição judaica, é que a sua mensagem pôde ser compreendida por ambos os povos. Foi um discípulo que se alegrou ao ter encontrado a salvação em Jesus Cristo, mesmo não sendo uma testemunha ocular de Jesus.
Em Lucas capítulo 1-2, tem-se uma luz de todo o acontecimento pascal, assim, esses capítulos são uma introdução de todo o evangelho. As narrativas da infância trazem alguns traços bem particulares nos aspectos teológicos, antropológicos e literários de sua estrutura. A sua intensão teológica é apresentar os acontecimentos da história salvífica realizada na história humana tendo como centro e origem Jesus Cristo. Ao mostrar este fazer salvífico, ele partir de Deus como princípio de tudo, pois a história da salvação se inicia n’Ele, passando pelo tempo de preparação, o povo de Israel, pelo tempo de realização, Encarnação de Jesus Cristo, até chegar no tempo de continuação pela força do Espírito Santo presente na Igreja. Nos aspectos antropológicos apresentam no seu evangelho nomes (Isabel, Zacarias, João Batista), lugares (a uma virgem na cidade de Nazaré) e tempos (no tempo de Herodes, rei da Judeia) com a intenção de mostrar Jesus inserido no cotidiano do ser humano, que vive e participa da vida das pessoas, sem excluir ninguém. Ele utiliza o gênero literário chamado de Midrash aggada. Este gênero faz um aprofundamento espiritual da palavra de Deus e resgata os personagens procurando tirar deles diferentes lições e os coloca como modelos para a comunidade cristã. Duas características literárias particulares em Lucas: a apresentação de uma ordem lógica através da cronologia dos acontecimentos, período do reinado de Herodes, a família de Jesus que vai a Jerusalém para a festa da Páscoa, e o paralelismo, que é uma técnica literária comum do mundo helenístico e na Palestina helênica do século I, onde os escritores procuravam compararem os atos entre dois heróis, o autor do terceiro evangelho usou dessa técnica, colocando em paralelo João e Jesus. A narrativa da infância está estruturada em sete pontos: Anúncio do nascimento de João Batista (1,5-25), Anúncio do nascimento de Jesus (1,26-38), Visita de Maria a Isabel (1,39-56), Nascimento – circuncisão – ato de dar o nome a João Batista (1,57-80), Nascimento – circuncisão – ato de dar o nome a Jesus (2,1-21), Apresentação de Jesus no templo (2,22-40), Encontro de Jesus no templo (2,41-52). As fontes usadas por Lucas foram: às fontes escritas, a tradição oral, o escrito de Marcos, a fonte Quelle (Q) e outros diversos materiais.
A narrativa da Infância de Jesus em Lucas se dá propriamente em Lc 1,5 - 2,52. A organização destes dois capítulos traz lugares, tempo, contexto religioso, personagens e ações. É através desta organização que Lucas apresenta o seu Jesus. Estas características são identificadas por títulos ou imagens. Estes títulos têm a finalidade de fixar o anúncio fundamental e compreensivo de Deus que se fez homem e habitou no meio da humanidade, através dos diversos e incompreensíveis caminhos escolhidos por Ele (Zacarias 1,5-25 e Maria 1,26-38). Deus demonstra o seu poder, a sua presença desde a preparação com o anúncio a Zacarias e o nascimento de João Batista.
No primeiro capítulo se encontram os anúncios: a Zacarias (1,5-25) e a Maria (1,26-38), a visita de Maria a Isabel, essa perícope, quer mostrar o encontro de duas mães com concepções divinamente preparadas (1,39-56), e o nascimento de João Batista (1,57-80). Neste capítulo Lucas destaca os títulos cristológicos referentes a Jesus: Senhor (1,17.43.76), Filho do Altíssimo (1,32), O Santo (1,35), Filho de Deus (1,35) e o Astro luminoso – Sol nascente(1,78). O segundo capítulo inicia com o nascimento de Jesus e a visita dos pastores (2,1-20), a apresentação de Jesus no templo (2,21-40), e termina com Jesus aos doze anos no templo (2,41-52). Algumas imagens cristológicas sobre Jesus apresentada pelo autor do terceiro evangelho neste capítulo são: Salvador (2,11; 2,30), Messias (2,11.26) e Senhor (2,15). Estes títulos veterotestamentais foram tomados originalmente de Isaías, e foram modificados, ligados ao Querigma cristão. Estes títulos são dados em ocasião do nascimento de Jesus, e eles trazem dentro de si uma profissão de fé.
Ressalto por fim, que Lucas busca já nas narrativas da infância demonstrar o porquê da encarnação do Filho de Deus e que esta criança é realmente o Filho de Altíssimo. Pois já a partir dos anúncios e da forma em que se dá a concepção dela, mostram a intervenção divina: “O Santo que nascer será chamado Filho de Deus” (1,35). E aqui é interessante observar: Lucas não tem nenhuma preocupação em satisfazer a curiosidade de sua comunidade em relação de como foi a infância de Jesus, mas Lucas, através dos títulos, apresenta Jesus como Aquele que cumpre a promessa do Pai, que realiza o plano salvífico de Deus, que vem se fazer presente e presença no meio de todos os povos.
Draiton Vieira,CSF