segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pensamento da Semana



"O verdadeiro amor de Deus se obtém com o recolhimento e a oração".

(Santa Paula Elizabete Cerioli)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

XXII Domingo do Tempo Comum (Ano C)



TEMA
A liturgia deste domingo propõe-nos uma reflexão sobre alguns valores que acompanham o desafio do “Reino”: a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado.
O Evangelho coloca-nos no ambiente de um banquete em casa de um fariseu. O enquadramento é o pretexto para Jesus falar do “banquete do Reino”. A todos os que quiserem participar desse “banquete”, Ele recomenda a humildade; ao mesmo tempo, denuncia a atitude daqueles que conduzem as suas vidas numa lógica de ambição, de luta pelo poder e pelo reconhecimento, de superioridade em relação aos outros… Jesus sugere, também, que para o “banquete do Reino” todos os homens são convidados; e que a gratuidade e o amor desinteressado devem caracterizar as relações estabelecidas entre todos os participantes do “banquete”.
Na primeira leitura, um sábio dos inícios do séc. II a.C. aconselha a humildade como caminho para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz. É a reiteração da mensagem fundamental que a Palavra de Deus hoje nos apresenta.
A segunda leitura convida os crentes instalados numa fé cômoda e sem grandes exigências, a redescobrir a novidade e a exigência do cristianismo; insiste em que o encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de proximidade, de amor, de intimidade, que dá sentido à caminhada do cristão. Aparentemente, esta questão não tem muito a ver com o tema principal da liturgia deste domingo; no entanto, podemos ligar a reflexão desta leitura com o tema central da liturgia de hoje – a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado – através do tema da exigência: a vida cristã – essa vida que brota do encontro com o amor de Deus – é uma vida que exige de nós determinados valores e atitudes, entre os quais avultam a humildade, a simplicidade, o amor que se faz dom.

EVANGELHO – Lc 14,1.7-14

“Naquele tempo, Jesus entrou, a um sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobre mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Jesus disse ainda a quem O tinha convidado: «Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem os teus vizinhos ricos, não seja que eles por sua vez te convidem e assim serás retribuído. Mas quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”.

MENSAGEM

O texto apresenta duas partes. A primeira (vers. 7-11) aborda a questão da humildade; a segunda (vers 12-14) trata da gratuidade e do amor desinteressado. Ambas estão unidas pelo tema do “Reino”: são atitudes fundamentais para quem quiser participar no banquete do “Reino”.
As palavras que Jesus dirigiu aos convidados que disputavam os lugares de honra não são novidade, pois já o Antigo Testamento aconselhava a não ocupar os primeiros lugares (cf. Prov 25,6-7); mas o que aí era uma exortação moral, nas palavras de Jesus converte-se numa apresentação do “Reino” e da lógica do “Reino”: o “Reino” é um espaço de irmandade, de fraternidade, de comunhão, de partilha e de serviço, que exclui qualquer atitude de superioridade, de orgulho, de ambição, de domínio sobre os outros; quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples, humilde e não ter pretensões de ser melhor, mais justo, ou mais importante que os outros. Esta é, aliás, a lógica que Jesus sempre propôs aos seus discípulos: Ele próprio, na “ceia de despedida”, comida com os discípulos na véspera da sua morte, lavou os pés aos discípulos e constituiu-os em comunidade de amor e de serviço – avisando que, na comunidade do “Reino”, os primeiros serão os servos de todos (cf. Jo 13,1-17).
Na segunda parte, Jesus põe em causa – em nome da lógica do “Reino” – a prática de convidar para o banquete apenas os amigos, os irmãos, os parentes, os vizinhos ricos.
Os fariseus escolhiam cuidadosamente os seus convidados para a mesa. Nas suas refeições, não convinha haver alguém de nível menos elevado, pois a “comunidade de mesa” vinculava os convivas e não convinha estabelecer obrigatoriamente laços com gente desclassificada e pecadora (por exemplo, nenhum fariseu se sentava à mesa com alguém pertencente ao “am aretz”, ao “povo da terra”, desclassificado e pecador).
Por outro lado, também os fariseus tinham a tendência – própria de todas as pessoas, de todas as épocas e culturas – de convidar aqueles que podiam retribuir da mesma forma… A questão é que, dessa forma, tudo se tornava um intercâmbio de favores e não gratuidade e amor desinteressado.
Jesus denuncia – em nome do “Reino” – esta prática; mas vai mais além e apresenta uma proposta verdadeiramente subversiva… Segundo Ele, é preciso convidar “os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos”. Os cegos, coxos e aleijados eram considerados pecadores notórios, amaldiçoados por Deus, e por isso estavam proibidos de entrar no Templo (cf. 2 Sm 5,8) para não profanar esse lugar sagrado (cf. Lv 21,18-23). No entanto, são esses que devem ser os convidados para o “banquete”.
Já percebemos que, aqui, Jesus já não está simplesmente a falar dessa refeição comida em casa de um fariseu, na companhia de gente distinta; mas está já a falar daquilo que esse “banquete” anuncia e prefigura: o banquete do “Reino”.
Jesus traça aqui, portanto, os contornos do “Reino”. Ele é apresentado como um “banquete”, onde os convidados estão unidos por laços de familiaridade, de irmandade, de comunhão. Para esse “banquete”, todos – sem excepção – são convidados (inclusive àqueles que a cultura social e religiosa tantas vezes exclui e marginaliza). As relações entre os que aderem ao banquete do “Reino” não serão marcadas pelos jogos de interesses, mas pela gratuidade e pelo amor desinteressado; e os participantes do “banquete” devem despir-se de qualquer atitude de superioridade, de orgulho, de ambição, para se colocarem numa atitude de humildade, de simplicidade, de serviço.

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 22º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 22º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. FAZER ECO DA PALAVRA.
Depois da comunhão (a mesa onde os pobres são reis…), poder-se-ia reler, em fundo musical, algumas passagens da liturgia da Palavra. Por exemplo: “cumpre todas as coisas com humildade…”; “vai sentar-te no último lugar…”; “convida aqueles que não têm nada para te retribuir…”

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.


Grupo DinamizadorPe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe. Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos)

domingo, 22 de agosto de 2010

Pensamento da Semana









"Faça tudo por amor ao Senhor, para a sua glória, para agrade-lo e para fazer sua santíssima vontade e Ele derramará sobre vós e sobre vossa casa as mais eleitas e copiosas bençãos."



(Santa Paula Elizabete Cerioli)

História de Santa Paula




1ª parte: A cidade









De qualquer lugar que se venha – de Brescia ou de Cremona, de Bérgamo ou de Milão – Soncino, uma cidade da planície cremonesa, se apresenta da mesma forma: fortes muros abraçando e protegendo a pequena cidade que os viajantes encantados tem uma sensação de tranqüilidade e segurança e, aos seus habitantes, um sentimento de força e de união.

Se assim parece, hoje a qualquer viajante, imagine o quanto devem ter sido importantes àqueles muros nos tempos de guerras, de ódio violento, de competição entre a república de Veneza e a de Milão. Imaginem também a água enchendo as fossas entorno dos muros, o seu encanto se torna agora bem maior.

Dentro destes muros, circundados por rios tranqüilos, se estabeleceu a nobre família Cerioli, provavelmente vinda do Piemonte. E como cada um de nós nasce de uma família, que acolhe e cresce em um país que lhe ensina o “abc” da vida, assim a história de Constancia Onorata – este é o nome de batismo da nossa Fundadora antes de ser chamada pela ‘segundo batismo’ – teve como teatro a cidade de Soncino.

No alto da Fortaleza pode imaginar a sua história através das suas construções: a magnificência da Fortaleza teatro de guerras intermináveis; a fortaleza antiga; lá em baixo os campos plantados, atravessados pelos pequenos riachos; as torres; as tecelagens; as Igrejas de São Tiago e de Nossa Senhora das Graças que, com o soar dos seus sinos, apontam horizontes.

Todo este mundo, fechado dentro dos muros como um abraço que protege e cuida ainda hoje a cidade com toda a sua gente. Também em Soncino as casas, as estradas, o ar falam de fé, de guerra, de amor juntamente ao passado, presente e futuro. Tudo isso está no coração dos seus filhos. Este é antes o cenário e o clima nos quais viveu a mulher de quem iremos contar a história.
TEMPO COMUM 21º Domingo Comum - Ano C








EVANGELHO – Lc 13,22-30
Naquele tempo,
Jesus dirigia-Se para Jerusalém
e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava.
Alguém Lhe perguntou:
«Senhor, são poucos os que se salvam?»
Ele respondeu:
«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita,
porque Eu vos digo
que muitos tentarão entrar sem o conseguir.
Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta,
vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo:
‘Abre-nos, senhor’;
mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’.
Então começareis a dizer:
‘Comemos e bebemos contigo
e tu ensinaste nas nossas praças’.
Mas ele responderá:
‘Repito que não sei donde sois.
Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’.
Aí haverá choro e ranger de dentes,
quando virdes no reino de Deus
Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas,
e vós a serdes postos fora.
Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul,
e sentar-se-ão à mesa do reino de Deus.
Há últimos que serão dos primeiros
e primeiros que serão dos últimos»



MENSAGEM
Na perspectiva da catequese que, hoje, Lucas nos apresenta, as palavras de Jesus
são uma reflexão sobre a questão da salvação. A catequese é despoletada por uma
questão posta na boca de alguém não identificado: “Senhor, são poucos os que se
salvam?”
A questão da salvação era, na realidade, uma questão muito debatida nos ambientes
rabínicos. Para os fariseus da época de Jesus, a “salvação” era uma realidade
reservada ao Povo eleito e só a ele; mas, nos círculos apocalípticos, dominava uma
visão mais pessimista e sustentava-se que muito poucos estavam destinados à
felicidade eterna. Jesus, no entanto, falava de Deus como um Pai cheio de
misericórdia, cuja bondade acolhia a todos, especialmente os pobres e os débeis.
Fazia, portanto, sentido saber o que pensava Jesus acerca da questão…
Jesus não responde directamente à pergunta. Para Ele, mais do que falar em números
concretos a propósito da “salvação”, é importante definir as condições para pertencer
ao “Reino” e estimular nos discípulos a decisão pelo “Reino”. Ora, na óptica de Jesus,
entrar no “Reino” é, em primeiro lugar, esforçar-se por “entrar pela porta estreita” (vers.
24). A imagem da “porta estreita” é sugestiva para significar a renúncia a uma série de
fardos que “engordam” o homem e que o impedem de viver na lógica do “Reino”. Que
fardos são esses? A título de exemplo, poderíamos citar o egoísmo, o orgulho, a
riqueza, a ambição, o desejo de poder e de domínio… Tudo aquilo que impede o
homem de embarcar numa lógica de serviço, de entrega, de amor, de partilha, de dom
da vida, impede a adesão ao “Reino”.
Para explicitar melhor o ensinamento acerca da entrada do “Reino”, Lucas põe na
boca de Jesus uma parábola. Nela, o “Reino” é descrito na linha da tradição judaica,
como um banquete em que os eleitos estarão lado a lado com os patriarcas e os
profetas (vers. 25-29). Quem se sentará à mesa do “Reino”? Todos aqueles que
acolheram o convite de Jesus à salvação, aderiram ao seu projecto e aceitaram viver,
no seguimento de Jesus, uma vida de doação, de amor e de serviço… Não haverá
qualquer critério baseado na raça, na geografia, nos laços étnicos, que barre a alguém
a entrada no banquete do “Reino”: a única coisa verdadeiramente decisiva é a adesão
a Jesus. Quanto àqueles que não acolheram a proposta de Jesus: esses ficarão,
logicamente, fora do banquete do “Reino”, ainda que se considerem muito santos e
tenham pertencido, institucionalmente, ao Povo eleito. É evidente que Jesus está a
falar para os judeus e a sugerir que não é pelo facto de pertencerem a Israel que têm
assegurada a entrada no “Reino”; mas a parábola aplica-se igualmente aos
“discípulos” que, na vida real, não quiserem despir-se do orgulho, do egoísmo, da
ambição, para percorrer, com Jesus, o caminho do amor e do dom da vida.


ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)


1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 21º Domingo do Tempo Comum, procurar
meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em
cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da
Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos
eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver
em pleno a Palavra de Deus.


2. FIÉIS DE TODA A PARTE.
As igrejas situadas em lugares turísticos acolhem, neste mês de Agosto, fiéis vindos
de toda a parte. No início da celebração, pode-se convidar os membros da assembleia
a dizer de que país ou de que região vêm e sublinhar que esta diversidade prefigura o
Reino.


3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das
leituras com a oração.


Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe. Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010




O que é a Assunção de Maria?




A Assunção de Maria (ou a Assunção da Virgem) é a doutrina que ensina que depois da morte da mãe de Jesus, ela foi ressuscitada, glorificada e levada corporeamente ao céu. A palavra assunção vem da palavra latina que significa “levantar”. A Assunção de Maria é ensinada na Igreja Católica Romana e, em grau menor, na Igreja Ortodoxa Oriental.

A doutrina da Assunção de Maria teve início no Império Bizantino, por volta de século VI. Um banquete anual em honra a Maria cresceu e se tornou uma comemoração da morte de Maria, chamada de “Banquete da Dormição” (“ato de adormecer”). Conforme tal prática foi se espalhando para o Oriente, a ressurreição de Maria foi sendo enfatizada, e a glorificação do corpo de Maria, assim como sua alma, e por isso, o nome do banquete foi mudado para Assunção. Ainda é observado em 15 de agosto, como o era na Idade Média. A Assunção de Maria transformou-se em dogma oficial da Igreja Católica Romana em 1950 com o Papa Pio XII.


DOGMA DE ASSUNÇÃO
Dogma da Assunção refere-se a que a Mãe de Deus, no fim de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial. Este dogma foi proclamado ex cathedra pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, por meio da Constituição Munificentissimus Deus:
"Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu".

O Novo Catecismo da Igreja Católica declara:
"A Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu Filho e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos" (n. 966).

quarta-feira, 11 de agosto de 2010


A Liturgia das Horas
e a Eucaristia


Pe. José Inácio Schuster


Há muito tempo, tanto a Eucaristia como a Liturgia das Horas foram chamadas sacrificium laudis, sacrifício de louvor.
"Te oferecerei um sacrifício de louvor, invocando teu nome, Senhor" (Sl 115,8). Desde antigamente, tanto a Eucaristia como a Liturgia das Horas foram chamadas sacrificium laudis, sacrifício de louvor, pois uma e outra tem na ação de graças e na atitude oblativa do louvor sua dimensão primária. Uma e outra, em cada féria, memória ou festa do Ano litúrgico, se unem intimamente na celebração de um mesmo mistério, e assim confluem em perfeita coincidência seus elementos bíblicos, orantes e espirituais. A Eucaristia e as Horas são assim as duas áureas coordenadas nas que se desenvolve dia a dia a vida do povo de Deus. Durante muitos séculos, as Horas litúrgicas, especialmente a matutina e a vespertina, foram as únicas celebrações cotidianas e comunitárias da Igreja local, enquanto que se reservava a assembléia eucarística para o domingo, as festividades, e certas férias de Quaresma e Têmporas. Agora, quando celebramos a Missa cada dia, a Eucaristia segue encontrando na Liturgia das Horas, como antes, seu perfeito antecedente e conseqüente diário. Assim os expressava Paulo VI: "A Liturgia das Horas se desenvolveu pouco a pouco até converter-se em oração da Igreja local, na que, em tempos e lugares estabelecidos, baixo a presidência do sacerdote, se convertia em um complemento necessário para que todo o culto divino contido no sacrifício eucarístico influísse e chegasse a todas as partes da vida dos homens" (Constituição Apostólica Laudis canticum).
1. O Mistério Pascal e a Liturgia das Horas.
"A obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, preparada pelas maravilhas que Deus obrou no povo da Antiga Aliança, Cristo o Senhor a realizou principalmente pelo mistério pascal de sua bem-aventurada paixão, ressurreição dentre os mortos e gloriosa ascensão" (SC 5). A Páscoa contém, pois, tudo o que Deus fez para salvar o homem e restaurar na terra sua glória: primeiro foi, no Antigo Testamento, profecia ou anúncio; depois foi cumprimento em Cristo; e agora, na Igreja, se celebra em mistério, baixo os véus sagrados da liturgia. A paixão e morte de Jesus, sua ressurreição e a ascensão aos céus, esse é o Mistério Pascal, do que dia a dia vive a Igreja.
Por isso "a Igreja não deixou nunca de reunir-se para celebrar o Mistério Pascal, lendo quanto a Ele se refere em toda a Escritura, celebrando a Eucaristia, na qual se faz novo presente a vitória e o triunfo de sua morte, e dando graças a Deus [às Horas] pelo dom inefável em Cristo Jesus, para louvar sua glória pela força do Espírito" (SC 6).
O Mistério Pascal é a fonte e o cume de toda a vida cristã. É daí de onde flui toda vida cristã, pessoal e comunitária; e é aí onde encontra a existência cristã a plenitude de sua força e expressão. Neste sentido a Igreja diz que a Eucaristia (LG 11), e em geral toda a liturgia (SC 10), é fonte e cume da vida em Cristo.
Na Eucaristia se produz sem dúvida a atualização suprema do Mistério Pascal, a mais expressa, a que tem maior força cultual e santificante. Nela se faz presente e se representa a Páscoa do Senhor, sua morte e ressurreição. Nela Cristo morre realmente e verdadeiramente ressuscita, pois aquele único acontecimento sucedido faz vinte séculos, escapando a suas coordenadas espaciais e temporais, pela sagrada liturgia se faz agora de todo real in mysterio, quer dizer, no sacramento. A diferença fundamental é que agora Cristo, que se ofereceu sozinho ao Pai na cruz, se oferece agora no altar com todo seu Corpo eclesial.
Mas o sacrifício Eucarístico não é o único modo de representar e atualizar o Mistério Pascal, e a liturgia o sabe perfeitamente. No batismo e nos demais sacramentos não está a Igreja atualizando toda a potência cultual e santificante da morte e da ressurreição do Senhor? Na Liturgia das Horas, igualmente, é Cristo que, esta vez com sua Igreja, segue orando as grandiosas orações de sua Páscoa. Como na Ceia, segue recitando com seus discípulos os hinos e salmos, e prossegue sua grandiosa oração sacerdotal ao Pai, poderosa na glorificação de Deus e na intercessão pelos homens. Como no Getsêmani, continua orando com formidáveis clamores e lágrimas. Como na Cruz, como na ressurreição e ascensão aos céus... É o mesmo Cristo, o que nas Horas, através dos membros de seu Corpo, segue orando com palavras humanas. É Ele quem faz de seus fiéis instrumentos vivos de sua própria voz, e com eles glorifica ao Pai e suplica pelos homens (+OGLH 6; SC 83). E assim a Igreja no Ofício Divino atualiza o Mistério Pascal de Jesus Cristo, e não de uma maneira puramente evocativa ou espiritual, senão simbólica e sacramental.
2. A Eucaristia e a Liturgia das Horas são sacrifício de louvor
Sacrifício de louvor é uma profunda expressão bíblica (Sl 115, 13), cujo significado vale a pena meditar. As religiões naturais, em seus sacrifícios, fazem à divindade a oferenda de alguma criatura, para expressar assim a adoração, e obter determinados benefícios. Na Bíblia, pelo contrário, ainda que também existe o sacrifício ritual, o sacrifício primário é interior e espiritual: é o cumprimento da Lei divina, é a entrega incondicional da própria vontade, não de uma vítima substitutiva (Sl 50, 18; 49, 8-14; 39, 7). É também o sincero arrependimento pelos pecados: "Meu sacrifício é um espírito quebrantado, um coração quebrantado e humilhado tu não desprezas" (Sl 50, 19). Isto aprendeu Israel no exílio, na Babilônia, longe de Sião, quando não tinha nem sacerdote nem altar (Dn 3, 29-45).
No sacerdócio da Nova Aliança se expressa plenamente essa interioridade espiritual do sacrifício, que, por outra parte, não exclui o sacrifício ritual e corporal. Em Cristo é o mesmo sacerdote o que se oferece como vítima, em espírito e corpo -é o tema da Carta aos Hebreus-. E a verdade interior dessa preciosa oferenda, chamada a manifestar-se e a revelar-se em sinais certos, não só foi manifestada por Cristo em sua vida, sempre oferecida na fidelidade ao Pai, ou em sua cruz, onde se consuma a oferenda, senão também em sua oração. Com efeito, a oração sacerdotal de Cristo é verdadeiramente um sinal manifestativo, e não substitutivo, de seu espírito e vontade.
Portanto, a oração de Cristo é um verdadeiro sacrifício de louvor: "Suba para ti, Senhor, minha oração como incenso em tua presença, o levantar das mãos como oferenda da tarde" (Sl 140, 2; +Ex 29, 39; 30, 8). A oração de Jesus não será substituição do sacrifício, senão seu momento expressivo mais sublime. Recordemos, se não, as orações da Ceia, do Horto, da Cruz (Mt 25, 46s; 26, 39s; Jo 17, 1.5.17-19; Hb 5, 7; 9, 28; 10, 5-10; etc.). Estas orações são um verdadeiro sacrifício, não cruento ou material, senão espiritual, que Cristo faz de si mesmo para glória do Pai e salvação dos homens.
Pois bem, se a Igreja na Eucaristia diz ao Senhor: "te oferecemos, e eles mesmos te oferecem, este sacrifício de louvor, a ti, eterno Deus, vivo e verdadeiro" (Cânon Romano), ela mesma prolonga essa oferenda no Ofício Divino, unida a Cristo sacerdote: "Por meio dele oferecemos a Deus o sacrifício de louvor, isto é, o fruto de nossos lábios que bendizem seu nome" (Hb 13, 15; +Sl 115, 13; Os 14, 3; Jr 33, 11).
3. A Liturgia das Horas, anamnese da salvação
"A Liturgia das Horas estende aos distintos momentos do dia a recordação dos mistérios da salvação" (OGLH 12). É, pois, uma anamnese, continuação da que tem lugar na Eucaristia para dar cumprimento a vontade do Senhor: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22, 19; 1Cor 11, 24-25). O Ofício Divino é deste modo uma oração que expande a eficácia salvadora encerrada na Eucaristia, pois estende aos distintos momentos do dia não só a recordação do sacrifício do Redentor, senão também a oração mesma com a que ele se consagrou como vítima oferendada. E assim pode dizer-se que a Eucaristia é a pedra preciosa encrostada no anel de uma oração mais ampla, em cujo círculo constante se atualizam continuamente os distintos momentos da história salutar de Jesus.
4. A Liturgia das Horas, preparação para a Eucaristia
Toda a liturgia é uma permanente catequese espiritual, que educa ao crente e as comunidades cristãs na fé, que suscita as atitudes e disposições espirituais verdadeiramente cristãs, e que estimula a participação profunda nos divinos mistérios. Seus sinais são sacramentos da fé (SC 59), e não só iluminam aos fiéis em seu plano intelectual, senão que vão também configurando seus afetos, sentimentos e emoções (33-34).
Também a Liturgia das Horas, como não podia ser menos, é uma didascalia contínua de vida cristã, e ao mesmo tempo que é uma perfeita escola de oração, é sem dúvida a melhor preparação para a celebração Eucarística:
"A celebração Eucarística encontra uma preparação magnífica na Liturgia das Horas, já que esta suscita e acrescenta muito bem as disposições que são necessárias para celebrar a Eucaristia, como a fé, a esperança, a caridade, a devoção e o espírito de sacrifício" (OGLH 12).
Todas as Horas litúrgicas, como vimos, são eucarísticas, mas particularmente a hora das Vésperas, por sua coincidência com o momento em que Cristo instituiu o verdadeiro e único sacrifício da Nova Aliança (+OGLH 39).
A união de algumas horas do Ofício com a Missa, tal como está prevista (OGLH 94-99) expressa também em forma eloqüente o nexo profundo que existe entre a Eucaristia e a Liturgia das Horas. É uma união celebrativa que está prevista para casos particulares, não como una forma litúrgica habitual -ainda que às vezes se converteu nisto-. A OGLH assinala como únicas condições para tal união que a Missa e a Hora sejam do mesmo ofício litúrgico, e que isso não vá em detrimento da utilidade pastoral, "sobretudo no domingo" (93). Com efeito, a celebração por separado costuma ser no domingo mais conveniente, pois celebrando nesse dia as Laudes e as Vésperas com sua forma plena, pode assim o povo cristão participar nas duas Horas litúrgicas principais, tal como a Igreja o deseja (+SC 89a;100; OGLH 40).
5. A Liturgia das Horas, prolongação do Sacrifício Eucarístico
"A Liturgia das Horas estende aos distintos momentos do dia o louvor e a ação de graças, assim como a recordação dos mistérios da salvação, as súplicas e o gosto antecipado da glória celeste, que se nos oferecem no mistério Eucarístico, "centro e cume de toda a vida da comunidade cristã" (CD 30)" (OGLH 12). Deste modo, pelo Ofício Divino, todas as horas do dia se fazem eucarísticas, e a ação de graças da Missa, conforme ao afirmado nos prefácios, se oferece ao Pai "sempre e em todo lugar".
Nesta perspectiva, o Ofício Divino aparece como uma ação eminentemente sacerdotal, a que estão chamados não só os presbíteros, senão todo o povo de Deus, cuja identidade sacerdotal vem já determinada por sua incorporação batismal a Cristo sacerdote. E assim se cumpre também o que a III Oração Eucarística pede a Deus: que sejamos transformados em "oferenda permanente". Com efeito, "a função sacerdotal [de Cristo] se prolonga através da Igreja, que sem cessar louva ao Senhor e intercede pela salvação de todo o mundo, não só celebrando a Eucaristia, senão também de outras maneiras, principalmente recitando o Ofício Divino" (SC 83).
Já vimos como no Judaísmo os levitas, ao começar o sacrifício matutino e o vespertino, faziam soar suas trombetas, convidando ao povo a recolher-se na oração, para que a oração fizesse grato a Deus o sacrifício. Pois bem, também a Igreja é consciente da profunda vinculação existente entre a Eucaristia e as Horas. Pelo Oficio Divino, como na Eucaristia, mas esta vez em forma de oração, se atualiza a oferenda de Cristo ao Pai para a salvação do mundo, quer dizer, se continua, e assim se faz presente baixo a ação do Espírito Santo, a oração sacerdotal de Cristo ao Pai.



http://www.cnd.org.br/art/schuster/liturgiadashoras.asp

sexta-feira, 6 de agosto de 2010



INVOCAÇÃO À FUNDADORA

Santa Paula Elisabete, vós fostes uma filha dócil: suscitai em cada filho o desejo de ser dócil e submisso à vida e a Deus.

Ensinai-nos a sermos dóceis!

Santa Paula Elisabete, vós fostes uma mãe generosa: amparai cada mãe na generosidade para com os próprios filhos, para com todos.

Ensinai-nos a sermos generosos!

Santa Paula Elisabete, vós fostes uma Fundadora corajosa: ensinai-nos a escutar as invocações dos pequeninos sem futuro. Alcançai para nós a coragem de nos doarmos aos outros, sem reservas, e de nos confiarmos à vontade do Pai.
AMÉM